ATA DA QUADRAGÉSIMA SEGUNDA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 31.05.96.
Aos trinta e
um dias do mês de maio do ano de mil novecentos e noventa e seis reuniu-se, na
Sala da Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre.
Às nove horas e quinze minutos foi
realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Airto Ferronato,
Antonio Hohlfeldt, Artur Zanella, Clênia Maranhão, Clovis Ilgenfritz, Décio
Schauren, Dilamar Machado, Edi Morelli, Elói Guimarães, Fernando Záchia,
Giovani Gregol, Guilherme Barbosa, Henrique Fontana, Isaac Ainhorn, João Dib,
João Motta, João Verle, Jocelin Azambuja, José Valdir, Luiz Braz, Luiz
Negrinho, Maria do Rosário, Mário Fraga, Milton Zuanazzi, Nereu D’ Ávila, Paulo
Brum, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Raul Carrion, e Wilton Araújo. Constada a
existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. À
MESA foram encaminhados: pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, 02 Pedidos de Informações
n0 s 77 e 78/96 (Processos n0 s 1456 e
1457/96) e 02 Pedidos de Providências; pela Vera. Clênia Maranhão, 01 Projeto
de Lei Complementar do Legislativo n0 10/96 (Processo n0 1389/96); pelo Ver. Luiz Negrinho, 01 Emenda
n0 02 ao Projeto de Lei do Executivo n0
67/95 (Processo n0 2401/95); pelo Ver. Raul Carrion, 02
Pedidos de Providências, 01 Pedido de Informações n0 76/96
(Processo n0 1414/96) e 01 Projeto de Lei Complementar do
Legislativo n0 11/96 (Processo n0 1426/96);
pelo Executivo Municipal, 03 Projetos de Lei do Executivo n0
s 32, 33 e 34/96 (Processos n0 s 1541, 1542 e 1543/96.) Do
EXPEDIENTE constaram: Ofícios n0 s 01/96, da Presidenta da
Comissão Externa para acompanhamento do problema habitacional dos moradores do
Parque dos Maias, Vera. Clênia Maranhão, 03/96, do Ver. Euclides Barbeiro,
Presidente da Câmara Municipal de Sarandi,04/96, Ver. Sérgio Roos, Presidente
da Câmara Municipal de Não Me Toque, 06/96, do Deputado Federal Espedito
Júnior; Telegramas: da Deputada Maria do Carmo Teixeira Bueno, do Senador José
Fogaça, do Deputado Mendes Ribeiro Filho, do Deputado Valdir Heck, do Deputado
Bernardo de Souza, da Senadora Emília Fernandes, do Senhor Berfran Rosado,
Secretário do Trabalho, Cidadania e Assistência Social do Estado, do Governo do
Estado, Senhor Antônio Britto. A seguir, nos termos do artigo 100 da Lei
Orgânica Municipal, o Senhor Presidente concedeu a apalavra à Senhora Marina
Helena Durganti, Presidenta do Sindicato dos Servidores da Câmara Municipal de
Porto Alegre – SINDICÂMARA, que discorreu sobre a reposição das perdas
salariais dos servidores desta Casa. Logo após, o Senhor Presidente apregoou
licença para Tratamento de Saúde da
Vera. Helena Bonumá no dia de hoje, dando posse ao Suplente Gerson Almeida e
informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Defesa do Consumidor e
Direitos Humanos. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Dilamar Machado, reportou-se
ao tema da Tribuna Popular, externando a posição do PDT quanto à situação
salarial dos servidores municipários desta Casa. O Ver. Jocelin Azambuja,
discorrendo sobre a situação salarial dos municipários, criticou a atual
Administração Municipal por sua falta de uma política nesta área. O Ver. Airto
Ferronato, tecendo considerações sobre a autonomia do Poder Legislativo do
Município, discorreu sobre a política salarial do Executivo Municipal. O Ver.
Raul Carrion, expressou a solidariedade da Bancada do PC do B à luta dos
servidores municipais, dizendo que reconhece a existência de perdas salariais
efetivas por parte dos funcionários do Município. O Ver. Pedro Américo Leal,
lamentando a ausência do Ver. João Dib que encontra-se hospitalizado,
reportou-se ao tema da Tribuna Popular e criticou a política de remuneração do
Executivo Municipal. Em COMUNICAÇÃO DE PRESIDENTE, o Ver. Isaac Ainhorn
reportou-se ao tema da Tribuna Popular, comentando o afastamento do PT à sua
vinculação histórica com os trabalhadores e defendendo uma nova política
salarial para os municipários que resguarde o princípio da autonomia entre
poderes. Em prosseguimento, o Senhor Presidente convidou o Senhor Hilderaldo
Luiz Caron, Diretor do Departamento Municipal de Limpeza Urbana – DMLU – e o
Senhor Cézar Pureza, Presidente do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre –
SIMPA, a integrarem a Mesa, que compareceram à Casa nos termos dos
Requerimentos n0 s 111 e 113/96 (Processos n0
s 1475 e 1478/96), respectivamente, ambos de autoria do Ver. Wilton Araújo. A
seguir, o Senhor Presidente concedeu a apalavra ao Senhor Hilderaldo Luiz
Caron, que promoveu esclarecimentos sobre o pagamento de horas-extras,
insalubridade e periculosidade aos servidores do DMLU. A seguir, o Senhor
Hilderaldo Luiz Caron respondeu a questionamentos dos Vereadores Wilton Araújo,
Antonio Hohlfeldt, Luiz Negrinho, Gerson Almeida, Pedro Américo Leal, Raul
Carrion, José Valdir. Em continuidade, o Senhor Presidente convidou a compor a
Mesa e concedeu a palavra ao Senhor Marcílio Duarte Lima, Presidente Nacional
do PST, que saudou os membros desta Casa e destacou pontos do programa de seu
partido. Logo após, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Cézar
Pureza - Presidente do SIMPA, que discorreu sobre o pagamento de horas-extras a
funcionários do DMLU. Na ocasião, Ver. José Valdir formulou Questão de Ordem a
cerca da existência de quesitos a serem respondidos pelo Senhor Cézar Pureza no
Requerimento do Ver. Wilton Araújo que determinou o convite de Sua Senhoria, ao
que o Senhor Presidente respondeu lendo o referido Requerimento. Às doze horas
e vinte e cinco minutos os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo
retomados às doze horas e vinte e seis minutos. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver.
Luiz Negrinho saudou a presença do Presidente Nacional de seu partido o PST,
tecendo considerações sobre o problema da segurança no Bairro Cristal. O Ver.
Antonio Hohlfeldt teceu considerações sobre editais para realização de vias da
Secretaria Municipal de Obras e Viações, discorrendo, também, sobre a mudança
do Dia Nacional da Imprensa no Brasil. Na oportunidade, o Ver. Antonio
Hohlfeldt formulou Questão de Ordem inquirindo acerca dos trâmites do
Requerimento do Ver. Giovani Gregol para instalação de uma Comissão Externa
para tratar do problema da sede do grupo “Ói Nóis Aqui Traveis”, ao que o
Senhor Presidente respondeu que o processo encontra-se em carga com o Ver.
Nereu D’ Ávila para indicar o nome do componente do PDT a integrar a referida
Comissão. A seguir, foi submetido à votação nominal, por solicitação do Senhor Presidente,
Requerimento verbal do Ver. Luiz Braz para ingresso imediato na Ordem do Dia,
obtendo quinze Votos SIM, onde votaram os Vereadores Airto Ferronato, Antonio
Hohlfeldt, Décio Schauren, Dilamar Machado, Edi Morelli, João Dib, João Verle,
Luiz Braz, Luiz Negrinho, Maria do Rosário, Mário Fraga, Paulo Brum, Pedro
Américo Leal, Raul Carrion e Gerson Almeida. Às doze horas e quarenta e três
minutos, constatada a inexistência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou
encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão
Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram
presididos pelos Vereadores Isaac Ainhorn, Edi Morelli e Mário Fraga e
secretariados pelos Vereadores, Fernando Záchia, Edi Morelli e Mário Fraga,
estes dois como Secretários “ad hoc”. Do que eu, Fernando Záchia, 10
Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em
avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
ERRATA
ATA DA QUADRAGÉSIMA SEGUNDA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA - EM 31.05.96.
- Deve ser acrescentado o nome do Ver. Clovis Ilgenfritz à relação dos Vereadores que formularam questionamentos ao Senhor Hilderaldo Luiz Caron, Diretor do Departamento Municipal de Limpeza Urbana.
O SR. PRESIDENTE: Passamos à
TRIBUNA POPULAR
Passamos ao espaço destinado à Tribuna Popular, conforme art. 100 da Lei Orgânica. Fará uso da Tribuna Popular, no dia de hoje, o Sindicato dos Servidores da Câmara Municipal de Porto Alegre com o tema: reposição de perdas salariais dos funcionários do Legislativo Municipal.
Com a palavra a Sra. Marina Helena Durganti.
A SRA. MARINA HELENA
DURGANTI: Sr. Presidente, Ver. Isaac Ainhorn; Vereadores integrantes da
Mesa Diretora; Vereadores presentes à Sessão; Lideranças parlamentares; distintos
colegas.
No dia 10 de
Maio de 1886, em Chicago, os trabalhadores lutaram pela redução da jornada
diária de 16 para 8 horas. Foram reprimidos; os líderes presos foram
assassinados. Os trabalhadores há mais de 100 anos estavam de luto por suas
causas.
No dia 10 de
Maio de 1996, em Porto Alegre: os trabalhadores do Município lutam pela
reposição salarial e pelo reajuste do vale-alimentação.
E o mês de maio de 1996, que hoje termina, data-base do dissídio dos
servidores públicos municipais, foi um mês de luta e de luto pelas nossas
causas.
Os servidores públicos do Município não receberam reposição salarial a
sua altura. Estão arrochados em seus salários, transformados em inimigos
públicos quando empreendem movimentos de lutas por seus direitos, reprimidos em
suas vozes pelas massacrantes campanhas de propaganda que a todo o momento se
vê, se ouve, se lê nos meios de comunicação.
Insensivelmente, a Administração Popular se nega a oferecer um índice
digno de reposição salarial a seus funcionários, reafirmando, em nota pública
em jornal, sua decisão em manter uma política
salarial justa e equilibrada. E impõe, através do Decreto 11509, a
concessão de 0,72% de reajuste nos salários como reposição bimestral de inflação,
e 80 centavos por vale-alimentação, demonstrando a mesma prática implantada no
mês de maio de 1995, quando rompeu, de forma unilateral, durante o mês de
negociação coletiva dos municipários, e ingressou no Judiciário, retirando o
indexador do ICV/DIEESE, achatando mais os salários dos servidores. Não podemos
realmente entender, Srs. parlamentares, essa política deflagrada contra os
municipários, pois não se coaduna com aquela defendida nas esferas estaduais e
federais pelos Srs. parlamentares do partido do Governo Municipal, que lutam lá
por um salário digno e pela reposição das perdas causadas pela inflação. As
entidades sindicais SINDICÂMARA/SIMPA, contrataram, em final de abril deste
ano, a perita judicial economista Margarete Belizano, para apurar as perdas
salariais ocorridas no período de janeiro de 1989 a março de 1996, período em
que a Prefeitura é gerida pela Administração Popular. Foi apurada uma defasagem
salarial de 111.21% para os funcionários deste Legislativo. Além disso, foi
elaborado um estudo orçamentário fundamento no comportamento da receita
corrente e da despesa com pessoal da Prefeitura dos últimos 5 anos, concluindo,
esse laudo, que a Administração Popular poderá conceder de 29% até 18%, para
ficar dentro dos 65% até 60% da relação receita corrente e gastos com pessoal.
É bom registrar que não estiveram disponíveis dados sobre a execução
orçamentária para análise, em tempo hábil, apesar de solicitados pelos
interessados.
Pasmem, Srs. Vereadores, o orçamento do Município de Porto Alegre é uma
caixa preta ainda. A Lei 7345/93 não está sendo cumprida com o Poder
Legislativo e com SIMPA. Apresentado o laudo pericial em reunião da Comissão
Externa que trata o dissídio dos municipários, presidida pelo Ver. João Dib,
não houve contestação dos dados por parte dos Srs. Secretários Municipais da
Fazenda e da Administração naquela reunião. Registre-se que o Sr. Secretário da
Administração afirmou, naquela reunião do dia 17 de maio, perante o
SIMPA/SINDICÂMARA e os dignos membros da Comissão Externa, que considerava o
vale-alimentação de 4 reais e 80 centavos como o valor adequado à realidade.
Talvez não saiba aquela autoridade que o custo médio da alimentação em Porto
Alegre, no mês de maio, é de 7 reais e 1 centavo e muito nos admirou a
afirmação de que a bimestralidade não é uma garantia que o Governo Municipal
ofereça aos servidores e que ela pode vir a ser repensada por eles. Quanto à
não-inclusão do SINDICÂMARA na comissão de negociação juntamente com o SIMPA,
disse, ainda, o Sr. Secretário da Administração, que os servidores desta Casa
não têm relação com o Poder Executivo. Como, então, Srs. Vereadores, o Governo
Municipal, quando bem lhe convém, ingressa no Judiciário e cassa, por
liminares, as leis elaboradas por V. Exas., as quais garantem os direitos dos
servidores deste Legislativo? Onde está a independência do Poder Legislativo,
assegurada na Lei Orgânica, quando o Governo Municipal ingressa no Judiciário e
suspende a eficácia dos artigos 70 e 80 da Lei 7740? A Lei 7740 estima a receita e
fixa a despesa da administração direta do Município para o exercício
econômico-financeiro de 1996.
“Art. 70 – Fica o Poder Legislativo autorizado a
suplementar, em suas dotações, até 4% do excesso de arrecadação que for
registrado pelo Poder Executivo Municipal.
Art. 80 – O excesso de arrecadação de que trata o
artigo anterior deverá, sempre que houver, ser informado ao Poder Legislativo
para a adequação dos programas e projetos em desenvolvimento.”
Estamos, Srs. Vereadores, nesta hora, neste último dia do mês de maio,
de luto, mas o sentimento que nos une não é de derrota, e sim, queremos justiça
aplicada às nossas causas, pois que a qualificação e o aprimoramento dos
serviços públicos passa, necessariamente, pela dignidade dos seus servidores.
Esta, por sua vez, somente se realiza com vencimentos dignos, capazes de
assegurar-lhes suas necessidades básicas. Confiamos na lucidez e competência
dos parlamentares desta Casa na condução das tratativas e solução às nossas
reivindicações, pois que entendemos que nenhum Poder do Estado deve
subordinar-se a outro de modo a ter limitada e constrangida a sua função
constitucional independente. Como já dissemos, o nosso sentimento não é de
derrota, pois de 1886 até esta data se passaram mais de 100 anos de luta, e
esta continua. O nosso desejo é de que continuemos unidos, enquanto
trabalhadores, para que alcancemos a justiça social e para que possamos
exercer, num estado democrático de direito, a nossa cidadania.
Colegas, unam-se ao seu sindicato! Muito obrigada. (Palmas.)
(Não revisto pela oradora.)
O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, o discurso da Companheira Marina contém, no seu bojo, uma realidade
que nós, Vereadores, não podemos ocultar, desconhecer ou fazer de conta que não
ouvimos. A acusação frontal que se faz, hoje, no território nacional, ao
funcionário público, como responsável pelas mazelas que ocorrem na
administração pública é, sem dúvida, uma orquestração nojenta, desigual,
arbitrária, autoritária, porque não dá ao funcionário público o direito de
expor publicamente à Nação que, na realidade, ele não passa de uma vítima de um
sistema distorcido, selvagem e que, criminosamente, destrói a nação brasileira
ano após ano. Aqui, nesta Casa, onde tenho assento com intervalo, contra a
minha vontade, por atos arbitrários da Ditadura Militar, desde o ano de 1968
tenho acompanhado a luta dos servidores do Legislativo Municipal. E quem são
essas pessoas que aqui vêm, falam e nos olhos?
São pessoas desconhecidas para nós? Não, não são. Nós conhecemos todos
os servidores da Câmara pelo nome, pela atividade, pela importância, pela
dedicação de seu trabalho à existência e à dignidade da Câmara Municipal de
Porto Alegre.
Em nome da Bancada do PDT, eu gostaria de dizer que o nosso Partido
tem, historicamente, permanecido ao lado dos servidores, dentro de todos os
parâmetros da justiça que se possa fazer a quem, efetivamente, trabalha. E quem
está falando aqui não são pessoas que entraram de pára – quedas são pessoas
que, através de um concurso público, conquistaram a sua atividade como
funcionários do Legislativo de Porto Alegre. Não só a eficiência do trabalhador
do nosso Legislativo importa, mas, acima de tudo, importa a sua dignidade
pessoal, porque as pessoas que aqui trabalham são chefes de família, são mães,
são pessoas que têm responsabilidades na sua luta pela sobrevivência e que
precisam entrar nesta Casa e sair, ao final do expediente, de cabeça erguida,
certas de que estão produzindo, trabalhando, ajudando a construir este País e
esta Cidade, mas não podem continuar a ser espoliados.
A realidade colocada pela Marina, de uma defasagem salarial de 111%,
chega aos limites da brutalidade! Por que os servidores do Município de Porto
Alegre, de todas as secretarias, autarquias, do Legislativo, são obrigados a
pagar a conta, neste momento? Por que massacrar quem trabalha?
Quero colocar ao SINDICÂMARA não apenas a minha solidariedade pessoal,
na consciência de quem, no momento em que teve a possibilidade de dar aos
trabalhadores desta Casa a reciprocidade necessária de quem dirige para com
quem trabalha, o fez, permanentemente.
Então, me parece, Sr. Presidente e Srs. integrantes da Mesa, que há uma
grande verdade nesta afirmativa: A Câmara Municipal, como Poder, é independente
do Executivo Municipal. Se a política salarial imposta pelo Prefeito aos
municipários é injusta, nós temos que corrigir a posição na Câmara Municipal.
Se lá é injusto, nós temos que dar o exemplo de justiça aqui, neste Poder. Por
isso, eu, que participei com outros companheiros da implantação da Tribuna
Popular, recebo, com imensa satisfação, a possibilidade democrática de uma
servidora desta Casa, inatacável no seu trabalho, na sua competência e na sua
liderança de sindicalista, a companheira Marina, vir aqui e colocar, com todas
as letras, com clareza, com educação, acima de tudo, não um apelo, mas um grito
de revolta dos servidores da Câmara Municipal. A eles, na sua Presidente, a nossa
solidariedade, e no nosso Presidente a esperança de que com justiça, com
firmeza e, acima de tudo, com independência, a Câmara Municipal diga: “Eu
existo como poder, e como poder não faço favores, faço justiça àqueles que aqui
trabalham e que aqui permanecerão no dia em que muitos de nós deixarmos este
Legislativo, porque somos apenas passageiros, de acordo com a outorga popular.”
Os servidores da Câmara aqui dedicam, até o final de sua jornada, de sua
capacidade de trabalho, o seu sangue, o seu suor em favor não deles, mas da
Cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Jocelin Azambuja em Comunicação de Líder.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Em nome da Bancada do Partido Trabalhista Brasileiro estamos aqui
para registrar a nossa manifestação, que é conhecida nesta Casa por parte de
todos os funcionários, em especial do seu sindicato, da Sra. Presidente e de
todos os seus companheiros de jornada, de lutas permanentes em defesa da sua
dignidade.
Ainda esta semana eu participava de um debate com o Secretário da
Administração, o nosso Presidente do SIMPA, que aqui está, o Prof. Pureza, e eu
analisava justamente o desconcerto que é a teoria e a prática petista. Eu não
sei, acho que eles adotaram o sistema neoliberal; eles o criticam em nível de
Congresso Nacional, mas gostam de praticá-lo em nível de Porto Alegre. Ontem
havia uma manifestação forte por parte do Poder Legislativo, na Câmara Federal,
contra o jornalista Arnaldo Jabor, que tem feito críticas terríveis contra os
deputados federais, contra o Poder Legislativo, indiscriminadamente e houve uma
manifestação do Poder Legislativo no sentido de preservamos a sua independência
e agirmos enquanto Poder de forma forte e incisiva, mas lamentavelmente não
conseguimos; um dia, quem sabe, vamos assistir. É importante que se frise que a
política do Governo chamado Frente Popular do PT, do PPS, do PSB, é uma
política de massacre e de desrespeito ao funcionalismo público, é a mesma
política – eles são aliados logicamente – do Governo Federal, Estadual e de
todos os governos que colocaram o funcionário público neste País como a causa
de todos os problemas que existem na Nação, e, o pior de tudo, desprestigiando,
desrespeitando e querendo, o que é pior, que o funcionário público lhe preste
um bom serviço. Com maus patrões, como ter, logicamente, um trabalho que seja
positivo para a sociedade? Nós precisamos analisar com profundidade isso. O
funcionário público deve ser tratado com respeito, claro que o serviço tem que
ser cobrado, todos têm que trabalhar, mas todos devem ter a sua dignidade
preservada. Temos que acabar com essa farsa que existe de querer manter todos
os problemas nacionais jogados para a responsabilidade dos funcionários
públicos.
O Governo Municipal de Porto Alegre não é diferente de nenhum outro, e
é pior para mim, porque está sobre a máscara do sério, do correto, daquilo que
cobra tudo dos outros, mas jamais consegue olhar para si próprio; isso é pior,
porque o falso moralista é o pior, porque ele se enverniza como tal, mas na
prática age pior ainda. Como dizer à população de Porto Alegre que aqui há
respeito ao funcionário! Não há respeito, o funcionário é mal pago, ganha
pouco, passa privações, é um insatisfeito, mas isso inclusive na imprensa não
sai, vai sair enquanto matéria paga, porque a articulação petista é muito
positiva nesses “lobbys” para não mostrar a sua verdade. Adora mostrar a dos
outros, mas não a sua, não tendo aquela capacidade de auto-análise de expiação
que seria fundamental, então quando se quer cobrar dignidade, moralidade,
seriedade tem que se ter para fazer isso, senão não adianta sair cobrando por
aí, não adianta colocar os seus companheiros pela rua para fazer baderna? Agir
contra um governo federal, estadual, se não age contra si próprios. Nós não
concordamos com esse tipo de postura; podemos ter os nossos defeitos, não somos
perfeitos, mas também não nos rotulamos como tal.
Quero, aqui, registrar em nome da Bancada do PTB, do nosso Líder de
Bancada, Ver. Luiz Braz, demais companheiros que o PTB continua solidário,
continua fazendo a sua expiação como Partido Político, mas jamais vai se
rotular por aí que trata todos com seriedade, com igualdade, que luta pelo
direito dos trabalhadores, quando a gente sabe que quando administra não sabe
nem respeitar os seus trabalhadores. Isso vocês não vão ouvir do PTB, mas do PT
vão continuar ouvindo sempre e do Partido da Frente Popular. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Queremos registrar que já se encontram no
Plenário o Presidente do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre, Cézar
Pureza, e também o Diretor-Geral do DMLU, Hilderaldo Caron, que comparecem à
Casa, convidados para tratar assuntos de horas-extras, insalubridade e
periculosidade aos servidores do DMLU, logo após a manifestação de Liderança,
por ocasião do SINDICÂMARA. Gostaríamos, também, nesta oportunidade, de
registrar a presença do Dr. Marcílio Duarte Lima, Presidente Nacional do PST, a
quem convidamos a integrar a Mesa dos trabalhos; gostaríamos também de
registrar que o Dr. Marcílio é autoridade especialista na área do Direito
Eleitoral.
O Ver. Airto Ferronato está com
a palavra em tempo de Liderança.
O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
Sra. Presidente do SINDICÂMARA, Marina Helena Durganti; Sr. Cézar Pureza,
Presidente do SIMPA; Sr. Hilderaldo Luiz Caron e demais autoridades, Senhoras e
Senhores. Esta luta que tem se travado há muito tempo relativa à efetiva
autonomia do Poder Legislativo vem de longe. Desde 91, quando, pela primeira
vez, assumi a Vice-Presidência da Câmara Municipal de Porto Alegre, eu me
lembro das tratativas que nós fazíamos junto com o Executivo. E esta
dependência, entre aspas, leva muito a esta dependência exatamente as
deficiências da peça orçamentária do Município de Porto Alegre. Desde 10
de janeiro, quando eu larguei a Presidência da Câmara, eu já sabia, aliás,
todos nós, que o Orçamento da Câmara Municipal de Porto Alegre é insuficiente.
Por quê? Porque ele é subavaliado no Executivo. Todos nós sabíamos, no ano
passado, e brigamos bastante com os servidores, no bom sentido, exatamente para
saber quanto iria alcançar o Orçamento. Todos nós sabíamos que iria ser bem
mais do que estava na peça. Agora, o problema, meu caro Presidente, é quanto. E
a Câmara, que tem um limitador legal, este limite estabelecido pela própria
LDO, precisa manter este tipo de acompanhamento muito próximo para saber qual a
nossa realidade do Orçamento e não ultrapassar estes 4%. Quero dizer que eu
também concordo com o Ver. Jocelin Azambuja, todos os Partidos são iguais.
Todos, inclusive o meu, não há exceção. Aliás, eu até fico rindo quando eu vejo
o PT discursar relativamente ao Governo do Estado e da União, porque é
exatamente a mesma história. Hoje, é o servidor público o caos nacional,
aquelas coisas todas que não dá para entender. Está equivocado todo aquele que
assim pensa.
Na verdade, eu já disse aqui da tribuna, do Governo do Estado, se fala
tanto em enxugar a máquina, e não se fala em juro de 12%, 15%, 18% ao mês, que
gera “n” recursos a mais. É importante esta luta, ela é necessária, precisa ser
continuada, até porque, no ano passado, enquanto Presidente, eu sei das
dificuldades que nós encontrávamos. E sei muito bem que nós tínhamos algumas
alternativas. No ano passado, nós tínhamos algumas alternativas para pagar a
GIT ou o abono de 10% para todos. Paguei o abono de 10% e o Executivo Municipal
de Porto Alegre, através do Sr. Prefeito, conseguiu colocar na Exposição de Motivos
que nós pagamos um aumento sem verba orçamentária. Se isso é verdade, eu
estaria no xilindró há muito tempo. Está escrito que ultrapassou 4%. Eu não
quero ir para a cadeia. Tenho certeza de que isso não foi feito. Eu me admiro
de quem escreveu aquilo. Por isso mais uma vez peço publicamente que retirem da
Justiça aquela ação pelo absurdo dos argumentos. Certa vez eu disse isso e me
disseram que o problema era a isonomia. A isonomia, quem efetivamente ganhou
diferenciado também foram especificamente os Procuradores do Município, que
ganharam a GIT, que a Câmara não ganhou. Disseram que a isonomia não podia
fazer isso. Disse para o Prefeito no ano passado que o grande equívoco naquele
momento era a tese da equiparação salarial da isonomia numa tacada só. Isso não
é possível. Tenho tido a possibilidade de administrar a Câmara, altamente
importante, mas também difícil. Diria que a luta importante, que o Executivo
tem sido insensível numa série de aspectos, em especial, aquela gratificação de
10%, aprovada no ano passado, por tudo o que está escrito naquele processo,
retirem porque aquilo é um absurdo extraordinário. É um absurdo total. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Raul Carrion
está com a palavra em Comunicação de
Líder.
O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, companheira Marina do SINDICÂMARA. Em primeiro lugar, a Bancada do
PC do B vem trazer a sua solidariedade à luta dos servidores municipais, seja
ao SINDICÂMARA, que hoje usa da palavra, seja ao SIMPA, que está na mesma luta.
Dizíamos, outro dia, na reunião que discutia o dissídio, que, se Porto
Alegre é considerado pela população como bem administrada, os principais
responsáveis por essa administração são os funcionários, pois são eles que
tratam com a população e que executam as tarefas da Administração Municipal.
Isso é muito importante, porque em muitos governantes a soberbia sobe,
fazendo com que eles se considerem os únicos responsáveis pela Administração da
Cidade. Eles se esquecem dos verdadeiros trabalhadores. Aliás, historicamente
as elites assim se consideram, tanto que as Histórias falam dos reis, dos
presidentes, dos governantes e esquecem do povo...
Referindo-me, especificamente, ao dissídio, é inegável – e
Administração Popular não negou – que existem perdas reais dos trabalhadores do
Município, qualquer que seja o índice do DIEESE, que era o oficial - que eu e
todos os companheiros sindicalistas do PT sempre defenderam -, a perda é maior
mas, se tomarmos outros índices as perdas também existem.
Então, entendemos como inexplicável não haver nenhuma proposta de
reposição. Digamos que não houvesse nenhuma perda; o que é o dissídio, senão o
momento dos trabalhadores conquistarem aumentos reais. Digamos que não exista
perda: qual é a proposta de aumento por produtividade, de aumento real?
Nenhuma! O reajuste de oitenta centavos no vale-alimentação.
Parece-nos que não dá para entender a postura da Administração. E o
Plano de Carreira e a Isonomia, que são bandeiras constitucionais? Não só nós
não temos avançado neste terreno com a Administração Popular como, ao
contrário, nós temos visto a isonomia, o Plano de Carreira bombardeados por
aumentos diferenciados, que nós já questionamos aqui desta tribuna.
Parecemos incoerente, queremos dizer em nome da Bancada do PC do B, com
toda a tranqüilidade, com todo o respeito à Administração, que há uma grande
incoerência. Enquanto o Executivo pode dar aumentos para os técnicos de nível
superior, a Câmara foi questionada na Justiça por fazer a mesma coisa. Onde
está a coerência? Por que o Executivo pode e a Câmara não pode?
Se, como foi colocado pela Administração, ela entrou na Justiça para
impedir decisões soberanas desta Casa quanto aos servidores desta Casa; ou
seja, se o Executivo se arvora com direito de interferir nos aumentos que esta
Casa dá aos seus servidores, como é que ele não aceita o SINDICÂMARA na mesa de
negociação? É, digamos, inexplicável esta incoerência.
Dizem: “Não, vocês são autônomos, a Casa não pode dar aumento, o
Executivo entra na Justiça e questiona.
Então, são incoerências e é necessário que a própria Bancada Governista
– que nós conhecemos da luta sindical – ajude esta Casa, o SINDICÂMARA, o
SIMPA, a superarem este impasse. Não creio que o Governo Municipal queira
aproveitar-se de uma situação de dificuldades dos trabalhadores em todo o País
em conseguirem os seus direitos.
A incoerência é uma coisa muito séria; pode momentaneamente conseguir
os seus ganhos, mas ela cobra um preço político; a história cobrará um preço
muito alto! Temos o exemplo de FHC que mandou esquecer tudo que ele tinha
escrito. Eu não acredito que a Administração Popular vá persistir nesse caminho
incorreto, nesse caminho de incoerência. Esta é a expectativa da Bancada do PC
do B que finaliza deixando a sua postura de apoio, de solidariedade e de
coerência que sempre teve e sempre terá. Muito obrigado.
(Revisto pela orador.)
O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra o Ver. Pedro Américo Leal em
Comunicação de Líder.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
devia estar aqui, nesta tribuna, o Ver. João Dib, que é um homem preocupado com
essas coisas, sereno, coerente, mas ele está hospitalizado para exames e por
isso não se encontra presente. Pouco se tem para dizer em torno do caso. Sr.
Presidente, por quanto o País vive um momento de perplexidade, como é que nós
podemos, sobre uma inflação de 42,6% em dezessete meses, continuarmos
indiferentes a qualquer aumento quando os aumentos se dão até em passagem de
avião?
A autonomia entre os poderes é uma realidade. A independência
caracteriza a doutrina montesquiana que é a interligação completa entre os
poderes, mas a independência total entre Legislativo, Judiciário e Executivo.
Disse muito bem o Ver. Carrion, que incoerência é essa? Há muito tempo observo
este estado de coisa nesta Câmara e não consigo entender como é que este Poder
Legislativo se debate, se agita para poder ser Poder Legislativo. Não consegue.
Onde estão os obstáculos, onde é que a Câmara, sendo o Poder Legislativo de
Porto Alegre, Sr. Presidente, não consegue autonomia para poder gerir a sua
economia? É uma insensatez. Como se entender que existam os três poderes
independentes, interligados! Têm que ser interligados para poderem funcionar
pelo País, pelo Estado e Município, mas completamente independentes. Não
conseguem gerir suas próprias verbas.
Então, Sr. Presidente, o que estamos esperando? Qual é a atitude que
estamos esperando? Não sei o que V. Exa. precisa fazer para dar um basta a tudo
isso e dizer ao Prefeito – que é um cidadão elegante... Até nem sei como Tarso
Genro permanece nessa atitude inabalável de não permitir ao seu Poder
Legislativo que tenha independência. É uma incoerência dele também. Não combina
com a sua personalidade. Ele é um jurista, um advogado, um eminente homem de
letras. Fico perplexo! Essa coisa não se desata. O que está faltando, Sr.
Presidente? Eu não sei. Não sou versado em leis. Mas – pergunto – o que é
preciso fazer para nos desvencilharmos dessa verdadeira tutela do Executivo? V.
Exa., Sr. Presidente, precisa do quê para se desvencilhar da tutela do
Executivo?
Então, já que o Prefeito permanece na sua inabalável convicção de que
deve patrulhar e deter o Legislativo sob suas rédeas, V. Exa. deve, de qualquer
maneira, se desvencilhar disso e dizer um basta ao Prefeito, com toda a
elegância. Não se trata de Tarso Genro que – repito - é elegante, mas que
permanece numa posição inabalável, quase que inexplicável, de tutela do
Executivo sobre o Legislativo. Muito obrigado.
(Revisto pela orador.)
O SR. PRESIDENTE (Edi
Morelli): O
Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra, em Comunicação de Presidente.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os
componentes da Mesa e demais presentes.) Às vezes é muito difícil separar a
figura do Vereador da do Presidente da Câmara, em certas circunstâncias;
gostaria até de fazer aquele discurso dizendo que o PT, de repente, muda o seu
perfil histórico, abandonando o macacão e o torno; e, quando expressa as suas
posições, como tem sido na Prefeitura Municipal com relação aos municipários,
esquece-se da sua vocação sindicalista. Não sei se foi por isso que o Ver.
Antonio Hohlfeldt abandonou o PT. Mas o que na realidade está em jogo neste
momento, e com muita seriedade, é o exercício da autonomia deste Legislativo
Municipal. E o Ver. Pedro Américo Leal,
com a característica de grande parlamentar, homem que já ocupou o Legislativo
Estadual e teve diversos cargos de responsabilidade na sua vida pública,
colocou com muita precisão o que se deve fazer como Legislativo, com 33
Vereadores deste Legislativo, no momento em que chega a esta Casa a Lei de
Diretrizes Orçamentárias, que há pouco mais de 48 horas foi apregoada por esta
Presidência, já que temos nas mãos o instrumentos necessário para fazer valer o
exercício da sua autonomia.
E sinto-me honrado, companheiro Vice-Presidente no exercício da
Presidência e companheiros Vereadores, de estar à frente do Legislativo
Municipal, junto com a Mesa Diretora, e por querer fazer valer o princípio da
autonomia, não só na retórica da tribuna, mas na prática do nosso cotidiano. As
nossas relações com o Chefe do Executivo Municipal foram sérias, respeitosas,
de poder a poder, neste ano. Só posso responder pelo ano em que estou à frente
do Legislativo Municipal, porque eu não imaginava o quão complexa é a ação de
exercer a Presidência. Temos tido diálogos e conversações altamente
satisfatórios, não só para os interesses do Município, como também para a
reafirmação da autonomia do Legislativo. Quero dizer que o Sr. Prefeito Municipal
tem respeitado esta condição. Em nenhum momento, como homem educado, que sabe
conviver dentro das relações de poder, quando reafirmamos nossas posições, ele
as tem desrespeitado. Agora, temos que saber o que fazer a partir das leis que
chegam aqui na Câmara de Vereadores, os 33 Vereadores, inclusive o Ver.
Guilherme Barbosa, a Bancada governista, que, embora dê a sustentação política
e administrativa ao governo municipal, tem a consciência de que cada questão
que nós abdicamos, não é o PDT, não é o PMDB ou o PST que abdicam de
prerrogativa; não, é o Parlamento Municipal, é o Legislativo Municipal, é o
poder, é a instituição política mais antiga da nossa cidade – mais antiga que a
própria Prefeitura - , que este ano comemora 223 anos.
Eu gostaria de salientar que, neste momento, quando, através de medida
liminar, consegue sustentar a possibilidade de uma inteligente emenda no
orçamento, no sentido de que a Câmara pode se suplementar dentro do limite que
é estabelecido pela LDO, de 4%, por decreto legislativo; quando o Executivo
ataca uma lei que nem é a lei que ele pretendia atacar. Na parte final da
exposição da petição que chegou ao tribunal, ele refere, erradamente, a Lei.
Havendo uma fumaça de bom Direito, o relator concedeu o pedido de liminar, mas
é possível revogar essa liminar. Isso em primeiro lugar. Em segundo lugar, no
momento em que esta Casa aprovou que, nos orçamentos da administração direta e
indireta, constarão as autorizações para abertura de créditos suplementares,
até o limite de 10% do total da despesa autorizada, no momento em que esta Casa
autorizou essa prerrogativa além da inflação, o Poder Executivo não precisa vir
à Câmara para pedir suplementação. A Câmara perde, evidentemente, o equilíbrio
nas suas relações de Poder. Nós só poderíamos ter concedido essa autorização,
se tivéssemos, ao mesmo tempo, Ver. Ferronato, a prerrogativa de, por decreto
legislativo, estabelecer a nossa despesa até o limite que a Lei de Diretrizes
Orçamentárias permite, de 4%. Se ainda não temos essa prerrogativa, nós não
podemos conceder essa autorização de 10%.
Então, neste momento - e recebo o aceno favorável do Ver. Clovis
Ilgenfritz -, nós temos que revogar esse dispositivo no Projeto de Lei de
Diretrizes Orçamentárias, que tem que ser examinado até o final do mês de
junho. É o momento. Isso não quer dizer que haja qualquer relação de vindita,
de intenção de tumultuar as relações com o Poder Executivo. Longe disso! Ao
contrário, eu, como dirigente da Mesa, e meus companheiros, temos tido uma
posição séria e responsável em relação a isso. Nesta semana, recebemos um
conjunto de projetos que são, a meu juízo, de alto interesse para a Cidade. O
Poder Executivo quer ver esses projetos examinados, aqui, com rapidez. Ontem
mesmo, recebi projetos relativos à desafetação de áreas verdes para a
implantação de conjuntos habitacionais para fins de habitação popular, de áreas
onde já existem assentamentos de comunidades que têm o direito real de uso, e a
agilidade desse processo é importante para firmar e pactuar os contratos com a
Caixa Econômica Federal. Esta Casa, o mais rápido possível, deve autorizar
essas contratações, porque uma coisa nada tem a ver com a outra. Nós não vamos,
aqui, fazer barganha. Nós vamos, isto sim, exercer a nossa autonomia onde nós
temos que exercê-la. Nós temos de exercê-la na lei, retirando a suplementação,
mas nessas questões do Executivo vai ter todo o apoio desta Casa, em todos os
projetos que são do interesse da Cidade. Essa é a minha visão. Nós vamos fazer
um esforço muito grande para examinar e chegar a uma votação do Plano Diretor
da Cidade de Porto Alegre, as alterações, apesar das dificuldades de ter
chegado, praticamente, no mês de junho, último mês antes do recesso parlamentar
e outros projetos que estão aqui, como o Código contra incêndio e o Código
Municipal da Saúde que têm que ser votados. Nós temos responsabilidade de
examinar essas matérias o mais rápido possível porque é do mais alto interesse
das populações excluídas de nossa cidade.
Portanto, essa é a posição que a Mesa Diretora dos trabalhos tem em
relação à visão do exercício da autonomia do Poder Legislativo. Para isso
gostaríamos, também, do respaldo dos funcionários desta Casa e da própria
população, na compreensão da importância do equilíbrio das relações de Poderes,
entre o Poder Legislativo e o Poder Executivo.
Por último, com a satisfação da presença, na Mesa, da Presidenta do
SINDICÂMARA, nós gostaríamos de referir, primeiro, a conquista e o
reconhecimento aos funcionários do Legislativo de Projeto de Resolução que já
tramita nesta Casa, que concede a Gratificação de Incentivo Técnico aos
funcionários técnico-científicos, retroativo ao mês de março; segundo, a Mesa
deliberou pela concessão da insalubridade aos funcionários dos serviços gerais,
que estava pendente de uma resolução; terceiro, não podemos conceder o
adiantamento de 50% do 130 salário, agora, e, de forma
transparente, o dizemos. Achamos que política se faz com transparência. A
antecipação é uma faculdade de conceder 50% no mês de julho, conforme a lei. A
lei não nos ampara para fazer isso antes. Sabemos das dificuldades do
funcionalismo, como não poderíamos autorizar o pagamento do130,
porque a lei estabelece que é no mês de julho, os 50%, e é uma faculdade. Não
vou querer aqui referir que o Governo Estadual não pagou nem o do ano passado.
Mas gostaria de referir aqui que, como não podemos dar o130
e, reconhecendo a situação dramática que vivem os funcionários públicos
municipais e que, dentro das nossas prerrogativas, que se trata de uma ordem de
serviço, de uma deliberação que a Mesa Diretora dos trabalhos tem condições de
fazer, nós estamos autorizando o pagamento da segunda parcela junto com a
primeira parcela no dia 12, como uma medida emergencial para enfrentar os
problemas que tem o conjunto dos funcionários dessa Casa.
Essa é uma deliberação também da Mesa Diretora.
Gostaríamos de referir a resolução de outros problemas, como a
progressão funcional que já está em andamento nesta Casa. E, por último, a
questão das horas extraordinárias promovidas pelos oficiais de transporte desta
Casa, que foram aumentadas por mais 22 horas, tendo em vista o trabalho
praticado, através de uma resolução dessa Mesa. E a implantação, dentro de mais
30 dias, de um relógio eletrônico para o ponto e para o exame, pois temos que
ter a caracterização das horas-extras muito bem definidas e clarificadas. E
como queremos uma postura de muita transparência, nós conseguimos o apoio, dos
que vão prestar horas-extras, para com o relógio eletrônico implantado lá no
setor correspondente.
Este é o relatório, na condição de Presidente, e junto com os
companheiros da Mesa Diretora dos trabalhos, em relação às questões que a
Câmara já, na sua autonomia, pode exercer. O que a Mesa está fazendo é em
função do reconhecimento das dificuldades que estão sendo atravessadas.
Quanto à luta maior, pela autonomia, o caminho está indicado, cabe aos
33 Vereadores fazerem valer as suas prerrogativas. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Dando continuidade aos
trabalhos, registramos a presença do Diretor do DMLU, Hilderaldo Luiz Caron,
que vem com o objetivo de atender ao Requerimento do Ver Wilton Araújo, que
trata de esclarecimentos acerca do pagamento de horas-extras, insalubridade e
periculosidade aos servidores do DMLU.
Convidamos o Presidente do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre a
integrar a Mesa.
O Ver. Hilderaldo Luiz Caron está com a palavra.
O SR. HILDERALDO LUIZ CARON:
Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, é com muita satisfação que nós recebemos o
convite desta Casa para aqui prestar esclarecimento sobre todas as informações
que os Srs. Vereadores julgarem necessárias para o perfeito esclarecimento
quanto à execução do serviço extraordinário no Departamento Municipal de
Limpeza Urbana e também sobre a concessão dos adicionais de insalubridade e
periculosidade.
O SR. PRESIDENTE: Sr. Hilderaldo, nós vamos
assegurar o seu tempo e solicitar ao Plenário, com o devido respeito ao orador
porque, se ele veio a esta Casa dar explicações, através da solicitação de um
Vereador, acreditamos que mereça todo o nosso respeito e ouvi-lo em suas
explicações. Obrigado.
O SR. HILDERALDO LUIZ CARON: Obrigado, Sr. Presidente.
Como eu dizia, é com muita satisfação que nós recebemos o convite desta Casa
para prestarmos todas as informações e esclarecimentos, da forma mais
transparente possível, sobre a execução do serviço extraordinário no
Departamento Municipal de Limpeza Urbana e também sobre o pagamento dos
adicionais de insalubridade e periculosidade no mesmo Departamento. O DMLU, pela
natureza das suas atribuições, pela característica de suas funções, é um
Departamento que executa uma variada gama de serviços na cidade, que vai desde
a coleta de lixo até a manutenção e limpeza dos sanitários públicos da cidade.
Executa também, além da rotina do serviço de limpeza da cidade, uma gama muito
grande de serviços que não são rotineiros que dependem e estão vinculados à
vida da cidade, tais como eventos, exposições, todos aqueles momentos que, de
alguma forma, reúne público e afetam, portanto, a vida da cidade e alguma
região que lá precisa a intervenção do DMLU.
É um Departamento que, pela sua natureza, executa trabalho
extraordinário e não podemos, em muitos casos, e na maioria deles, chamar o
nosso serviço para ser executado daqui a uma semana, quinze dias ou daqui
trinta dias. O lixo, assim como o problema de saúde, e por ser uma questão de
saúde pública, tem que ter sempre um atendimento imediato, com toda agilidade,
para que ele não ocasione nenhum desconforto e nenhum risco à saúde da população.
Portanto, todos os dias nós nos deparamos com situações de emergências que
devem ser atendidas e que não estão programadas na rotina do Departamento, no
horário normal do trabalho. O Departamento, ao longo da sua história, não é de
agora, sempre exerceu e sempre executou serviços extraordinários.
Aparentemente, o que está sendo questionado é que no Departamento há um volume
muito grande de horas-extras. Eu gostaria de apresentar alguns dados aos
senhores vereadores sobre essa situação no Departamento.
Em primeiro lugar, nós executamos em torno de 17% de horas-extras no
DMLU, em relação ao número total de horas trabalhadas. Isso significa que de
cada 100 horas trabalhadas, pelo conjunto dos funcionários, 17 são
horas-extras. O que é um número perfeitamente razoável e adequado em função da
nossa atividade.
Em segundo lugar nós iniciamos em fevereiro de 95 um programa de
redução de horas-extras porque principalmente após a implantação do Plano Real
nós tivemos uma queda de arrecadação em todo o Brasil e que, praticamente,
todos os municípios se tornaram inadimplentes, isso também ocorreu com boa
parte dos Estados, inclusive alguns deles quase impossibilitados de cumprir a
folha de pagamento e outros, efetivamente, sem poder pagá-la. O caso de Porto
Alegre é um pouco diferente, porque ao longo dos últimos anos e com a
participação desta Casa, inclusive foram realizadas duas reformas tributárias
que permitiram à Prefeitura de Porto Alegre navegar por esse mar violento que
está acontecendo nos últimos 2 ou 3 anos, de uma forma um pouco mais tranqüila
e nós tivemos que, ao longo do ano passado, reduzir serviços. O DMLU reduziu
quantidades físicas de serviços contratados, algo em torno de 25%, em alguns
casos um pouco mais, e também reduziu o número de horas-extras praticadas em
função dessas reduções de serviço. Essa redução, que iniciou em março do ano
passado, atingiu, em outubro de 1995, 35%. Em abril de 1995 nós executávamos 65
mil horas-extras por mês, com a política que implantamos, reduzimos, paulatinamente,
em julho, para 50 mil, agosto, 42 mil, até outubro, índice mais baixo, 30 mil,
o que significa uma redução em 35%, altamente significativa em termos de
economia para o Departamento. De lá para cá temos mantido uma variação em torno
de 25% a 30%, em relação a um maior número de horas executadas no ano passado.
Houve uma redução razoável que deve ser saudada como uma política de melhorias
na situação financeira do Departamento. Naturalmente temos tido situações
emergenciais pela natureza da nossa atividade. Ocorreu em abril e maio deste
ano em que, em função da entrada em operação de uma nova empresa para fazer a
coleta de lixo na cidade, durante o mês de abril, tivemos um período longo de
treinamento com nossos fiscais e funcionários para acompanhar a nova empresa, e
durante o mês de maio o acompanhamento efetivo dessa fiscalização nos veículos
dessa empresa o que ocasionou um aumento de horas trabalhadas, até porque esses
funcionários não estão à disposição desse serviço na rotina do Departamento, e
sim em outros serviços. Esse treinamento é feito fora do horário normal do
trabalho.
Quanto aos adicionais de insalubridade e periculosidade tivemos, até
1995, o adicional de insalubridade sendo concedido através de um laudo
realizado por um perito credenciado pela Delegacia Regional do Trabalho, em
1991, e que amparava a concessão da insalubridade aos funcionários do
departamento. É importante os Srs. Vereadores terem presente que, por exemplo,
o gari tem a sua concessão automaticamente, e assim uma série de outros
funcionários, porque o tratamento e a gestão do lixo, o contato com os resíduos
produzidos pela sociedade necessita, obrigatoriamente, na maioria dos casos da
concessão do adicional. Esse laudo, realizado em 91, amparou a concessão da
insalubridade nesses quatro anos, até 95. Em 95, em função, primeiro, de uma
realidade, em alguns aspectos nova, em alguns setores de departamento nós
resolvemos até porque a lei assim o exige, fazer um novo laudo. Novamente,
contratamos um perito credenciado pela Delegacia Regional do Trabalho que
executou o laudo, que ficou concluído no final do ano passado, segundo
semestre, desde lá até agora, estamos implantando e adequando-o a todas às
situações de concessão de insalubridade aos funcionários, amparados nesse novo
laudo. Temos algumas situações para resolver, há alguns funcionários que estão
trabalhando em outros locais, que não DMLU, e porventura podem ainda estar
recebendo.
Há um caso, aqui, na própria Câmara de Vereadores, em que um
funcionário, cedido para o departamento e executava uma atividade insalubre, o
DMLU, na cedência para a Câmara, continuou recebendo a insalubridade por
descuido, mas isso está sendo revertido e regularizado. Como esse, podem
existir alguns casos remanescentes, em função da adequação do último laudo. A
periculosidade também é dada a partir do mesmo laudo, é restrita a um número
muito pequeno de funcionários do departamento, já que está mais vinculada aos
serviços de guarda e vigilância, e não de outros serviços do departamento.
Portanto, acredito que os esclarecimentos e o questionamento levantado não foi
preciso sobre, exatamente, quais são os problemas apresentados por esta
questão, pode, a minha justificativa, a minha explicação, aqui, não ter sido
suficiente para a perfeita elucidação dessas questões para o que nos colocamos
já disposição dos Senhores Vereadores.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Mário Fraga): O Ver. Wilton Araújo está com a palavra.
O SR. WILTON ARAÚJO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, Sr. Diretor do DMLU, Sr. Presidente do Sindicato dos Municipários,
o assunto que traz o Sr. Diretor do DMLU a esta Casa é de relevância para Porto
Alegre, e debruçamo-nos sobre o assunto desde o ano passado. Fizemos o Pedido
de Informações para tê-lo conosco e, a partir de abril do ano passado, fomos
fazendo averiguações sobre a denúncia de horas-extras pagas em dobro e de
adicional noturno. Nos estranhou bastante o grande acúmulo de horas-extras e de
adicional noturno. Gostaria de questionar as situações em que são concedidas as
horas-extras, as horas-extras em dobro do adicional noturno. Gostaria ainda que
fossem dados exemplos de necessidade dessas horas e em que grupo de
funcionalismo elas ocorrem.
Faria uma Questão de Ordem no sentido de saber se o Diretor vai
responder concomitantemente, ou vai esperar outros Vereadores. Qual vai ser o
encaminhamento dado por V. Exa. para a reunião de hoje?
O SR. PRESIDENTE: A nossa Casa é democrática. Colocaríamos a sugestão de o seu questionamento ser respondido em separado, e os outros em bloco de 2 ou 3.
O SR. WILTON ARAÚJO: Como requerente, tenho
direito a 10 minutos. Gostaria de dividi-lo em duas partes para poder, em cima
das respostas do Diretor, adiantar, questionar e adicionar alguma coisa. É
possível?
O SR. PRESIDENTE: Vamos ter que consultar se há réplica, ou não. No momento, não temos condições de responder.
O SR. WILTON ARAÚJO: Tenho aqui a relação do ano
passado. Gostaria que V. Sa. nos orientasse especificamente em que casos do
departamento se recebe hora-extra, hora-extra em dobro, que é paga aos
domingos, e em que casos se paga o adicional noturno. Qual tipo de função exige
cada um desses tipos de adicionais?
O SR. HILDERALDO LUIZ CARON: A concessão de horas-extras
obedece a um critério de necessidade do serviço, porque ela é feita por
convocação. Temos, para conhecimento dos senhores, e o que é importante que
seja colocado, aproximadamente 250 funcionários celetistas no DMLU e que,
portanto, têm um regime de 6 horas. Esses funcionários trabalham 8 horas,
porque eles integram às equipes de rotina do Departamento. Portanto, eles
executam, de fato, 8 horas de jornada de trabalho por dia. Então, esses 250
celetistas, salvo alguma exceção em que o funcionário assim o requis eles
fazem, trabalhando 8 horas, 2 horas-extras por dia. Isso determinado pela sua
condição funcional, pelo fato de eles serem celetistas e a conseqüência disso é
o regime de trabalho de 6 horas. Portanto, trabalham das 8h às 12h, das 14h às
18h, são 8 horas, fazem automaticamente 2 horas-extras por dia, são
aproximadamente 250, o que significa uma média mensal de 10.500 horas-extras.
Segundo, o restante das horas-extras são executadas através de
convocação para execução de serviço extraordinário. Vou dar um exemplo muito
prático e que é comum na nossa cidade. Por exemplo, a ocorrência de um temporal
que ocasiona danos, queda de árvores, espalhamento de lixo e assim por diante,
e que a maior parte deste serviço é realizado pelo Departamento, obriga, por
exemplo, a convocação imediata dos funcionários que estão trabalhando naquele
turno a permanecer no trabalho para garantir a limpeza da cidade. Esse é um
caso altamente extraordinário, mesmo. Não é uma ocorrência rotineira, mas
ocorre em muitos momentos da vida da cidade.
E os outros casos são aqueles em que a necessidade do serviço diário do
Departamento nos obriga a convocação para o serviço extraordinário. Isso é
comum, é rotineiro, acontece todos os dias. A convocação e o pagamento de
horário dobrado ocorre nos domingos e feriados. Portanto, o nobre Ver. Wilton
Araújo deve ter um relatório em suas mãos, que foi solicitado ao Departamento,
em que é possível verificar que o número de horas que dobram é muito variável,
inclusive, com variações de duas a três vezes o número conforme o mês. Isso
ocorre, porque o mês de março, por exemplo, que consolida as horas pagas no mês
de fevereiro, normalmente, tem o carnaval e há a ocorrência de um grande número
de feriados. Então, além dos domingos, 4 normalmente, nós temos mais os dias
feriados que também são 3 ou 4, muitas vezes, em fevereiro. Então, no mês de
março as horas dobradas têm um incremento muito alto e assim em todos aqueles
meses em que há ocorrência de um grande número de feriados e que são somados
aos domingos. Evidentemente, que nós trabalhamos dessa forma por uma opção.
Outra opção seria nós trabalharmos em regime de plantão, porque, por
ser, como já disse anteriormente, o lixo uma questão de saúde pública, nós não
podemos deixar de manter a cidade limpa e de recolher o lixo em nenhum dia do
ano. Se os Senhores observarem na ocorrência de qualquer feriado na nossa
cidade, talvez, o único serviço que não pára, além dos hospitais e do Pronto
Socorro, é exatamente o serviço do Departamento que não deixa de ocorrer em
nenhum dia, seja feriado, seja domingo, por motivo de intempérie, por qualquer
motivo não deixa de realizar as suas atividades em nenhum dos 365 dias do ano.
Nós temos 2 opções: ou trabalhamos nos domingos, feriados e à noite no regime
de plantão ou trabalhamos no regime de serviço extraordinário. Nós usamos os
dois sistemas. Em relação aos sanitários públicos trabalhamos com regime de
plantão e em relação ao serviço de limpeza, trabalhamos com a convocação dos
funcionários. Isso ocorre porque nós não podemos prescindir de um funcionário,
por exemplo, que seja convocado em plantão no domingo, prescindir da sua
presença na segunda-feira porque não temos número suficiente de funcionários
contratados se fôssemos trabalhar com regime de plantão, até porque, temos
várias Seções em mais de 50% da cidade em que o nosso serviço se mantém 365
dias por ano e 24 horas por dia. A Sessão Centro, a Sessão Sudeste e a Norte
trabalham sem interrupção. Portanto, há necessidade de trabalharmos em função
disso com uma certa graduação de horas-extras. O adicional noturno não é
hora-extra e é concedido ao funcionário que trabalha entre as vinte e duas e as
cinco horas da manhã e a hora-extra noturna é concedida para aqueles
funcionários que estiveram em horário extraordinário a partir das vinte e duas
horas.
O SR. WILTON ARAÚJO: Sr. Diretor, pelo que vi da
sua resposta, duas horas-extras diárias para duzentos e cinqüenta celetistas
está na faixa normal. Somariam sessenta horas/mês. Eu gostaria que o Senhor
explicasse dois exemplos que, ao acaso, tirei do Pedido de Informações enviado
por V. Exas. do Executivo Municipal. O primeiro é do funcionário Manoel da
Silva Tavares Filho que tem a matrícula n0 090993. Ele
conseguiu fazer, no mês de abril de 95, 160, 5 horas em adicional noturno. Isso
daria uma média em torno de quase 6h/dia de adicional noturno. Em maio ele fez
cento e vinte. O segundo é o funcionário Baltazar Talaier, matrícula n0
123794, acho que é um pobre coitado, e que no mês de maio ele fez oitenta horas
extras normais, quarenta horas-extras dobradas e mais cento e trinta e duas
horas em adicional noturno. Isso, somado à carga horária normal dele, segundo
as minhas contas, representa que ele trabalhou nada menos do que 42 horas no
mês de maio. Como o mês de maio tem 31 dias, esse pobre servidor teve, em média,
13 horas diárias de trabalho. Essa carga horária, esse regime de trabalho, deve
ser considerado pela nossa legislação trabalhista – porque esse servidor não é
regido pela CLT, ele é pintor – como subumano, 13 horas diárias num trabalho
insalubre. Sei disso, porque sou técnico no assunto, sou Engenheiro do
Trabalho.
Eu gostaria, então, que V. Sa. me explicasse isso e me respondesse se
tem conhecimento sobre a informação que chegou ao meu gabinete no sentido de
que existe um núcleo do Partido dos Trabalhadores dentro do Departamento e que
esse núcleo recolhe, sobre as FGs e as horas-extras, um percentual de 30% dos
seus servidores engajados. E gostaria, ainda, que V. Sa. respondesse se esse
funcionário que trabalha em regime subumano – Baltazar Talaier – pertence ou
não ao Partido dos Trabalhadores. Tenho informação de que pertence.
O SR. HILDERALDO LUIZ CARON:
Vereador, a
bem da verdade, existe uma quantidade muito grande de funcionários do
Departamento Municipal de Limpeza Urbana que são filiados ao Partido dos
Trabalhadores, o que possivelmente seja fruto da política desenvolvida pela
Administração Popular nos últimos 7 anos e, principalmente, da política
salarial, o que significou um reconhecimento muito grande por parte dos
trabalhadores da limpeza urbana. E, como disse o nobre Ver. Raul Carrion, se
temos alguém a quem creditar a melhoria dos serviços desta Cidade, esses são os
funcionários públicos municipais que, em função do reconhecimento que tiveram
nos últimos anos, elevaram os serviços da Cidade a um grau ótimo, o que é
reconhecido pela população em todas as pesquisas realizadas, e, portanto, não é
apenas propaganda da Administração. Se esse funcionário é filiado ou não ao
Partido dos Trabalhadores, eu considero irrelevante para a questão que está sendo
colocada aqui, e considero também que essa é uma informação que diz respeito ao
funcionário, que pode ser solicitada, e ele poderá fornecê-la ou não.
Quanto ao funcionário Manoel da Silva Tavares Filho, que apresentou um
número elevado de horas no mês de abril de 95, tenho comigo a relação das horas
pagas em abril de 96 e esse funcionário aparece com 39 horas-extras e 21 horas
dobra. Vereador, a concessão e a execução do serviço extraordinário, no nosso
caso, é muito variável. Eu não acho que seja absolutamente normal um
funcionário executar 160 horas-extras, mas é possível que tenha acontecido.
Eventualmente, até mais. O que eu quero dizer é que isso é possível.
Comprometo-me a verificar este caso e verificar se esse número de horas é a
média que o funcionário tem executado nos últimos meses. Tenho aqui um mês em
que ele executou seis vezes menos do que isso, portanto, pode ter ocorrido
algum evento durante esse mês e, em função das atribuições dele, ele ter
executado, durante um mês, um número muito alto de horas-extras, que pode não
ter-se repetido durante todos os meses seguintes, o que tornaria isso coerente.
Mas eu me comprometo a verificar o caso e mandar um relatório sobre esse
funcionário, para ver se essa é uma situação que se repete ou não. Se o
funcionário trabalhar permanentemente com essa carga horária, há algo a ser
investigado.
Quanto ao outro funcionário, apesar de ele ser contratado como pintor,
pois fez concurso para isso, ele é chefe da Sessão Centro, uma sessão que opera
24 horas por dia. Portanto, ele é responsável pelo serviço de limpeza de todo o
Centro da Cidade, nas 24 horas do dia, e recebe, em função da sua presença na
Sessão, comprovada através de cartão, o que está na folha de pagamento.
O SR. WILTON ARAÚJO: Sr. Diretor, eu trouxe
apenas dois exemplos, mas no material que eu tenho aqui não são só esses dois
casos. Eu acho que V. Sa. está-se desviando da denúncia que foi feita, não só
por nós, mas pela imprensa, de que há uma verdadeira indústria de horas-extras
no Departamento que V. Sa. dirige. Isso
V. Sa. não elucidou; disse que era só esse ou aquele, que vai mandar o
relatório, mas esta não é a questão. A questão é que eu peguei dois ou três
exemplos no meu tempo de 10 minutos, pois não poderia ter lido todo o
relatório, mas a grande verdade é que há muitos funcionários que fazem
horas-extras e, segundo informações que recebemos, muitos ganham hora-extra e
não fazem hora-extra. É isso que precisamos saber de V. Sa. Não é vir aqui
dizer que talvez haja um ou outro. Assim, está abusando da nossa talvez parca
inteligência. Foi um convite, negociado com a Bancada governista, mas seria uma
convocação, com um tema, com uma vontade, com uma direção muito mais incisiva.
Agora, se aceita o convite para dizer que esse é um ponto e aquele é outro, que
esse é um funcionário, e aquele é outro. Os Vereadores, no seu legítimo dever
de fiscalizar, estão sendo desviados de sua atenção. Fica claro que V. Sa. não
conseguiu explicar a excessiva quantidade de funcionários fazendo horas-extras.
Pinçando dois casos ao caso, nós trouxemos o exemplo de um funcionário que fez
treze horas diárias em um mês inteiro, ou seja, trabalhou sábado, domingo,
feriado, de noite, de dia, todos os dias de um mês. Isso não é normal. Nós
conhecemos o serviço público, eu já fui secretário. Assim como ele, há vários
outros. Existe algum tipo de orientação, no Departamento, que possa justificar
esse tipo de carga horária? Ou será que as denúncias que estão no ar são
verdadeiras, são fundadas, de que há uma verdadeira indústria e que o PT está
tirando 30% desta indústria?
O SR. HILDERALDO LUIZ CARON:
Nobre Ver.
Wilton Araújo, eu julguei que havia esclarecido. Não considero que a sua
manifestação seja compatível com o que eu estou colocando aqui. Coloco-me à sua
disposição para verificar, da forma mais aprofundada possível, todos esses
casos. Eu tenho uma lista do último mês de abril, que é um mês pesado para nós
de horas-extras, em que há setenta funcionários que receberam mais de setenta e
duas horas. Isso não é alto. As horas aqui executadas são justificadas. Como eu
lhe disse, há uma necessidade de serviço que pode ser verificada na Cidade. Se
eu justifico, aqui, o alto número de horas para determinados funcionários que
executam suas funções numa seção que opera 24 horas por dia, naturalmente há,
sem dúvida nenhuma, alguns casos em que o regime de trabalho ultrapassa as 10
horas. Essa seção trabalha todos os dias da semana, todos os sábados, todos os
domingos de todos os meses de todos os anos. Essa seção atende a uma enorme
quantidade de eventos que os senhores conhecem e que se realizam nas áreas da
Usina do Gasômetro, da orla do Rio, do Parque da Redenção, do Parque Marinha,
Parque Maurício Sirotsky. Nesses locais há, todos os sábados e todos os
domingos, eventos em que a presença da chefia e dos funcionários é muito
necessária. Somente no Parque Farroupilha, nós temos de 3 a 4 eventos em todos
os finais de semana; nos outros parques, da mesma forma. Esses eventos todos
exigem a nossa presença. Em todos os finais de semana, nós tivemos eventos na
Usina do Gasômetro, que implicaram, obrigatoriamente, nossa presença.
Eu seria irresponsável se colocasse aqui que não há nenhum caso, dentre
os 2500 funcionários do Departamento, que tenha a concessão exagerada de horas,
ou que não tenha havido verificação por parte da chefia. Até pode haver isso;
não estou dizendo que não haja. Apenas coloquei que, com relação ao problema de
funcionários, colocado pelo Senhor, a situação de um deles é de que ele executa
um número de horas que não é esse, a rotina não é essa; porque tenho um mês
aqui que é exatamente o contrário desse. Deve haver, evidentemente, algum
problema entre os 2500 funcionários, pode ser um, podem ser dois, podem ser
dois, podem ser 10. Mas nós temos uma política de redução de horas, está
comprovado aqui: nós reduzimos 35% das horas. Em segundo lugar, é inadmissível,
e isso não pode passar em branco, que alguém possa afirmar – e eu considero que
essa informação tenha chegado ao Senhor, que apenas está reproduzindo, portanto
temos que buscar o responsável por ela - que essas horas estejam sendo
computadas como contribuição ao Partido dos Trabalhadores. Isso é de um absurdo
e de uma irresponsabilidade a toda prova, porque não há a mínima comprovação
disso, não há a mínima materialidade desse fato. Houve leviandade na colocação
desta questão. Conversei com a repórter que colocou essa questão no ar,
repórter que, diga-se de passagem, fez a denúncia e sequer ligou para o
Departamento para perguntar o que o Diretor tinha a dizer sobre isso, se queria
explicar o fato. Não fez isso.
Então, estou aqui à disposição, hoje e a qualquer momento, independente
do grau do convite, para explicar o que é possível de ser explicado e para
averiguar fatos que deixaram dúvidas.
O SR. PRESIDENTE: Antes de darmos seguimento à Sessão, apregoamos Requerimento de autoria da Vera. Helena Bonumá, solicitando licença para tratamento de saúde.
(Obs.: Foi apregoado Requerimento de licença de saúde da Vera. Helena Bonumá e declaro empossado o Suplente, conforme consta na Ata.)
O SR. WILTON ARAÚJO: Solicito a V. Exa. que
solicitei ao nosso convidado que, se possível, deixe cópia do material citado
por ele, a relação de pessoal da folha de abril, para que a Casa acompanhe os
números e faça um comparativo com os dados que possuo de abril e maio de 95.
Informo que vou fazer um Pedido de Informações solicitando todos os
cartões-ponto dos meses de maio e abril do ano passado, para encaminhar à
CUTHAB.
O SR. PRESIDENTE: Quanto aos documentos não há problema, não é, Sr. Diretor?
(Assentimento do Sr. Hilderaldo Caron.)
O Pedido de Informações é competência de cada Vereador.
O Ver. Clovis Ilgenfritz está com a palavra.
O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Sr. Presidente, Mário
Fraga; companheiro Diretor do DMLU, Hilderaldo. Inicialmente queria dizer que
acho muito bom que haja essas reuniões, eventualmente ou até periodicamente,
entre pessoas que estão exercendo cargos importantes, dirigindo setores
importantes do governo. Considero que a solicitação do Ver. Wilton Araújo é muito
justa e legítima porque ele está no papel de Vereador, desempenho a função de
fiscalizar o trabalho do Executivo Municipal. E no caso de haver alguma questão
não muito esclarecida, ou alguma denúncia, ele tem o dever de buscar
esclarecimentos.
Eu queria, ao mesmo tempo, agradecer ao Diretor os esclarecimentos
feitos e dizer do nosso orgulho de sermos membros, como Vereador, como
político, do governo atual, principalmente em função de uma fama que já corre
em todas as capitais e a maioria das cidades brasileiras, de que Porto Alegre
tem uma manutenção de primeira qualidade na área da limpeza urbana. A cidade
limpa, bem sinalizada é uma cidade higienizada no sentido mais amplo da palavra
com relação a essa área atendida pelo DMLU. Acho importante que se diga isso
também no momento em que estão sendo feitas perguntas ao Diretor e acho que
elas virão a esclarecer com mais detalhes ainda as solicitações do Ver. Wilton.
Para nós elas são importantes porque vão mostrar claramente a lisura com que
está sendo feita a administração municipal, embora todos nós possamos entender
que se possa, nessa verificação encontrar um erro ou uma falha porque num
universo de 2500 funcionários, um trabalho em uma área tão grande quanto Porto
Alegre – hoje uma das cidades que tem maior área ocupada, uma cidade muito
pulverizada, existe 40% de vazios urbanos -, então, só a Restinga, Belém, Lami
e outros e se transitarmos na zona cultural, em qualquer bairro, ou em vilas
distantes do centro da Cidade, em qualquer lugar vamos encontrar o mesmo tipo
de tratamento. Isso é muito importante porque nem sempre o tratamento dado às
vilas periféricas é o mesmo, mas sinto que o DMLU está presente em todas essas
áreas. Eu também quero ajudar o Diretor e a nossa administração a fazer
verificações periódicas para descobrir se existe alguma falha humana, algum
desvio, até porque o nosso método, a nossa forma de governar é não deixar que
essas coisas aconteçam, por isso acho salutar o que está acontecendo aqui nesta
manhã.
Quero, ainda, agradecer a presença do Diretor Hideraldo e
cumprimentá-lo pelo trabalho que vem realizando.
O SR. HILDERALDO LUIZ CARON: Agradeço a manifestação do
Ver. Clovis e gostaria de salientar que Porto Alegre é a única capital do nosso
País, inclusive, muitas vezes se fala de Curitiba quando se analisa a
administração pública, e é importante dizer que Curitiba, em relação a todos os
indicadores de saneamento básico, tem índices inferiores a Porto Alegre,
inclusive em relação à coleta de lixo. Porto Alegre é a única capital do País
que tem 100% de sua área atendida por coleta regular de lixo. Nós temos cidades
em que a coleta de lixo existe em 100%, mas não é regular, que as vilas são
atendidas uma vez por semana, a cada 15 dias. Porto Alegre, independente de a
vila ter surgido há um mês, há uma semana ou há um ano, tem atendimento regular
de coleta de lixo, porque é um dado de saúde pública importantíssimo para a
nossa população.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Eu queria, em primeiro
lugar, Sr. Presidente, saudar o Diretor Caron, do DMLU, e dizer que,
igualmente, reconheço a qualidade do trabalho que o DMLU tem prestado à cidade
de Porto Alegre, isso é visível e, portanto deve ser parabenizado o Diretor e
toda a equipe. Tenho duas colocações que me preocupam nas colocações do
Diretor. V. Exa. respondia ao Ver. Wilton que, talvez um desses casos
levantados aí seria o funcionário que, embora pintor, ocupava uma função de
chefia da Zona Centro e, por isso, ele teria ganho de horas-extras. Chamou-me
atenção porque eu entendo que um chefe deve ter uma FG e essa FG compreende
horas-extras. Portanto, não deve ter pagamento de horas-extras. A FG cobre,
necessariamente as horas-extras. A sua resposta, de fato, não me satisfaz.
A segunda coisa, sem entrar no mérito, se está havendo desvio,
pagamento em dobro, enfim se está havendo falsidade ideológica em declarações
ou não, eu quero ir adiante. Eu pergunto a V. Exa. se existe um estudo de
acompanhamento do DMLU em relação a essas horas-extras e se, de repente, até
dentro de uma política que tem sido discurso da Administração Popular, buscar
minorar o desemprego em Porto Alegre, não seria mais interessante ao invés de
fazer hora-extra com o funcionário já integrante da equipe contratar outros
funcionários para fazer horário normal, quer dizer, dobrar a equipe porque no
meu entendimento é mais barato porque a hora-extra paga em dobro, ou trabalhar
com a COOTRAVIPA ou uma série de outras alternativas que, parece-me, seriam
mais baratas do que pagar hora-extra que paga em dobro e onera a qualidade de
vida do funcionário. São 2 questões bem diferenciadas. Aproveitando a
oportunidade e fugindo, talvez, um pouco do assunto, se V. Exa. puder me
responder, evidentemente. Temos discutido aqui na Casa, até com a Vera. Helena
Bonumá em outro dia, a questão da coleta seletiva. Apesar de um eventual
esforço do DMLU, os percentuais atingidos pela coleta seletiva me parece ainda
muito pequeno. Me dizia a Vereadora, eu não tinha esse dado, de que seria em
torno de 5%. Eu pergunto se não está na hora do DMLU investir mais pesado em
uma campanha de sensibilização da população nessa questão, porque acho que isso
resultaria em também mais emprego lá na ponta, porque recolhendo mais lixo
seletivo nós vamos ocupar mais gente na área informal de trabalho.
Também quero lhe comunicar, porque ando muito pela Cidade nos horários
mais diversos, que eu não tenho uma avaliação se o serviço da CORES significou
uma melhora de recolhimento de lixo terceirizado, em relação a GEPASA, que era
muito ruim de um modo geral, digo isso, porque se deixavam cair sacos de lixo,
não juntavam; faziam bagunça nas ruas durante a madrugada e acordavam todo
mundo e a CORES, pelo menos nisso funciona um pouco melhor
Mas o que me chama atenção é que as equipes da CORES têm feito um
trabalho – sobretudo no Centro da Cidade em horários de movimento, não falo em
depois das 10 horas da noite, falo em movimento normal da Cidade, inclusive
sábados à noite – em que, parece que eles têm propositadamente atrapalhado o
trânsito. Não é o problema daquela margem de segurança do lixeiro, que estou de
pleno acordo em se ter um cuidado para não atropelar o rapaz que está buscando
o lixo, não. É um pouco além daquela medida normal que seria tolerável. Em muitos
momentos em que o caminhão poderia, de fato, encostar para deixar o fluxo e
depois retomar, eles parecem ter má vontade, em irritar o motorista que fica
atrás, tem gerado buzinaço
Um dia desses um caminhão da CORES entrou na contramão na Rua da Praia,
descendo a Caldas Júnior, gerou um problema inteiro, isso eram oito e meia da
noite e eu vi isso do 250 andar do Edifício Cacique. Então,
isso me parecem algumas provocações, às vezes dispensáveis, de alguns
motoristas. E estou mencionando formalmente: é da CORES, porque tive o cuidado
de descer e verificar de quem era, se era do próprio Órgão e o caminhão era da
CORES.
Então, separando duas coisas, fiquei curioso para entender a questão da
chefia porque no meu entendimento a FG engloba os serviços extras que o chefe
tiver que prestar, portanto não há horas-extras devidas a um chefe, para isso
ele ganha uma FG e em segundo lugar, é uma indagação, se não é o caso de o DMLU
fazer um estudo e verificar se não é mais barato e melhor, inclusive em relação
à política de desemprego do Município, contratar mais gente, porque vai sair
mais barato e talvez renda mais qualitativamente e paralelamente essa questão
da coleta seletiva e da prestação de serviço. Agradeço.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Pedro Américo Leal..
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Eu, através do meu
gabinete, sugeri que o Senhor fizesse todo o possível para desenvolver a coleta
de lixo nos bairros mais bem aquinhonhados duas vezes por semana. Isso é
aconselhável. Mas não responderam a minha sugestão. Eu desejava que levassem
essa minha pergunta.
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Gerson Almeida.
O SR. GERSON ALMEIDA: Na verdade, não tenho nada
a questionar. Quero aproveitar o que foi levantado pelos vereadores sobre a
inadequação de pagamentos de horas-extras no DMLU, o que já foi respondido pelo
Diretor Hilderaldo Caron. Talvez seja uma boa oportunidade para chamar a
atenção ao nível de ampliação e qualificação que o serviço de limpeza urbana em
Porto Alegre tem. Acho que ampliação do serviço, que saiu de uma parcela da
Cidade para o conjunto da Cidade, inclusive com o Departamento se equipando com
caminhões e equipamentos que possam chegar naquelas vilas pequenas, ruelas que
os caminhões tradicionais nunca entraram e não entram, além da ampliação da
coleta seletiva para quase todos os bairros da cidade, hoje não tenho essa
informação, gostaria que pudéssemos colocar melhor essa questão, tem feito que
Porto Alegre seja hoje uma Cidade que melhor tem enfrentado essa questão
funcional do DEMHAB, DMLU. Acho que seus dirigentes têm que receber os parabéns
desta Casa, não sem negligenciar do poder fiscalizatório, e fazer os controles
adequados quando alguma coisa está fora de questão.
As pesquisas que a Prefeitura têm feito e as pesquisas que outros
órgãos têm feito têm demonstrado que
esse é o melhor serviço público prestado à população de Porto Alegre, num
quadro em que os serviços públicos de Porto Alegre têm sido muito bem visto
pela população em geral, ou seja, não é pouca coisa, isso coloca um novo
padrão, não só de limpeza pública, mas também de visão ambiental, que não é
apenas um cuidado com as árvores, com saneamento, mas incorporar limpeza urbana
como uma questão importantíssima de gestão ambiental.
Nós sabemos que são os resíduos sólidos um dos fatores de poluição do
meio ambiente das grandes metrópoles, e um problema gravíssimo, difícil de
administrar. Porto Alegre mesmo sofrendo todas as dificuldades que todas as
cidades sentem tem feito aterros sanitários comprometidos com as melhores
técnicas de gestão urbana, e tem procurado fazer política no sentido da geração
zero de resíduo sólidos, que é talvez uma das coisas mais modernas e uma utopia
que deve ser buscada nas cidades. Afinal de contas, temos uma cidade que produz
muito lixo e é natural que isso acarrete uma ampliação de serviço e sobrecargas
para os trabalhadores. Eventualmente isso pode ser suprido com a contratação de
mais funcionários. Essa é uma questão em aberto que pode ser analisada, mas,
senão estou enganado, tem ocorrido isso no departamento, têm sido contratados
poucos, mas me parece que é justo, como política de governo, que se deixe
afirmar como coisa não sazonal, ou não eventual, inclusive ampliando técnicas
mais modernas de máquina e quem sabe até ineficiência. Acho que a hora-extra
pode ser uma coisa insuperável por novas técnicas e aí por diante. Por último,
queria colocar que o DMLU tem auxiliado outras secretarias, particularmente, a
Secretaria do Meio Ambiente, nos serviços e cuidados dos parques e praças. Essa
é uma outra pressão que o DMLU tem sofrido na ampliação de seus serviços, na
medida em que tem ampliado as áreas verdes e não temos ampliado, igualmente, o
número de funcionários. Até porque, no início deste Governo, foi constituída
uma Comissão Tripartite que reúne o Orçamento Participativo, sociedade civil, o
Sindicato dos Trabalhadores e a Prefeitura para ter um controle rigoroso para
cada ingresso na Administração, notadamente, pelo fato de que a folha de
pagamento e o salário dos trabalhadores estão vinculados com o índice de folha
de pagamento, que é uma preocupação justa que os trabalhadores têm, através de
seu Sindicato, aqui representando, e uma preocupação justa da Secretaria de
controlar a máquina pública eficiente. Queria deixar registro à qualidade dos
serviços do nosso Departamento Municipal de Limpeza Urbana.
O SR. PRESIDENTE: O Sr. Hilderaldo Luiz Caron
está com a palavra para responder aos questionamentos.
Estamos ampliando os galpões, mas estamos fazendo também um trabalho de
incorporar alguma tecnologia nos galpões, principalmente no que diz respeito ao
plástico. Só para dar uma idéia: o plástico, como é vendido pelos galpões hoje,
que separam por tipo. A garrafa de refrigerante é prensada e vendida. Dá algo
em torno de 7 ou 8 centavos por quilo. Se essa garrafa, ao invés de ser
prensada, ela fosse lavada, triturada e passada em uma máquina que faz aquela
bolinha, que é chamada “peleti”, que é o plástico para a indústria o preço
salta de 7, 8,10 centavos o Kg para 70, 80 centavos, 10 vezes mais. São 2
máquinas que devem ser colocadas na linha de produção.
Nós estamos, hoje, com um grupo de trabalho que está finalizando um
estudo e nós deveremos, talvez, através da instituição comunitária de crédito,
financiar para os galpões a introdução desse maquinário. Temos 2 galpões que já
vai ser feito brevemente para que eles possam, incorporando tecnologia,
aumentar o seu ganho, porque este ganho hoje está sendo realizado por intermediários
que é quem vai lá e compra a garrafa bruta, faz este tipo de beneficiamento e
ganha. Nós temos que contemplar essas 2 questões, de um lado a ampliação que é
necessária, e a população de Porto Alegre está pronta para isso. Qualquer
programa realizado hoje na imprensa que traz a coleta seletiva, nós sentimos
imediatamente um aumento, qualquer campanha que fosse feita hoje, sem dúvida
nenhuma, elevaria em 10, 15, 20% a
quantidade de lixo coletado.
Agora, nós temos que ter um destino para ele se não tivermos não se
justifica esse investimento.
Quanto à solicitação do Ver. Pedro Américo Leal de que a coleta seja
feita duas vezes por semana, eu diria o seguinte: 10: Não há
necessidade disto, porque o resíduo é seco e, conforme nós orientamos, as
pessoas devem lavar, por exemplo, o saquinho do leite deve ser lavado antes de
ser guardado para a coleta, a fim de evitar mau cheiro; 20:
Em geral, os edifícios dispõem de área de armazenagem, isso, inclusive, é
obrigatório pelo Código de Edificações e o 30 e mais
importante motivo é que se nós fizermos duas coletas por semana, nós dobramos o
custo e isto é impraticável. Este custo é alto. Nós praticamos o menor custo de
coleta seletiva de todas as capitais do País, e ele é hoje em torno de 65 reais
por tonelada. A coleta domiciliar, essa com o caminhão compactador que recolhe
o lixo nas residências, é 25 reais a tonelada. Nós gastamos três vezes mais com
a coleta seletiva se nós fizermos isso duas vezes por semana o nosso custo vai
se elevar e não há como sustentar isto.
O SR. PRESIDENTE: Questão de Ordem com o Ver.
Antonio Hohlfeldt.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Questão de Ordem): Não sei se houve esquecimento do Diretor Caron ou ele não tem nenhum comentário sobre a questão das alternativas para as horas-extras.
O SR. HILDERALDO LUIZ CARON: Acho que é razoável a sua
questão. A gente pode estudar e temos praticado nos últimos anos a contratação
de mão-de-obra através de licitação e normalmente tem ganho a COOTRAVIPA. Esta
prática, inclusive, foi ponto de análise nesta Câmara de Vereadores em 93 e
representa uma possibilidade de emprego de uma mão-de-obra que hoje não dispõe
dessa possibilidade no mercado formal e informal. Temos em torno de mil
funcionários associados à cooperativa trabalhando no departamento, o que representa
uma política de alcance social muito importante porque atinge trabalhadores das
vilas da Cidade.
Outra questão é sobre o procedimento de coleta. De fato podem existir
transtornos. Temos conversado muito com a SMT para adequar os horários de coleta
a não incidir sobre os horários de picos de trânsito. Temos problemas de ruas
muito estreitas em que a presença do caminhão inviabiliza mesmo que não tenha
pico. Temos problemas com relação à operação de equipamentos. O motorista não
está preparado para trabalhar naquela zona. Isso deve ser comunicado ao
Departamento porque todos estes casos, entrar na contra mão, permanecer tempo
excessivo no meio da via pública, todo e qualquer procedimento que falte com a
urbanidade é passível de multa, no contrato. Então, se formos informados, a
empresa vai ser autuada. Só para dar um exemplo, em relação ao contrato com a
ENGEPASA tivemos uma aplicação de multas no último período do contrato que
chegou a cinqüenta mil reais porque a equipe não está completa, porque não tem
uniforme e não executa a coleta como deve ser assim por diante.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL
(Questão de Ordem): Eu queria comentar que em certos bairros existem núcleos de melhor
coleta do lixo seletivo. Acho que o Senhor deveria aproveitar isso, não em
geral, mas para aqueles bairros como Auxiliadora, Moinhos de Vento,
Independência, Bela Vista que são Bairros onde pode se implantar este sistema
de coleta. Então por que não colocar nesses bairros esse recurso? Peço também
que o Senhor responda a minha correspondência, o que não foi feito.
O SR. HILDERALDO LUIZ CARON: Peço desculpas pelo fato de sua
correspondência não ter sido respondida, isso foi uma falha que deverá ser
corrigida. Estamos estudando a possibilidade para alguns bairros da Cidade que
é o uso de “containers” para o lixo seco em alguns pontos de bairros, nós
estávamos fazendo isso com o “container” verde, que é do conhecimento dos
Senhores, mas como eles estavam sendo colocados em locais passíveis de
depredação por uma pequena minoria de pessoas que agem dessa forma, e como o
custo de recuperação de um “container” é muito alto, estamos trabalhando
juntamente com os bairros, no sentido de localizar esses “containers” nos
espaços já constituídos e que garantam determinada segurança; por exemplo, em
Higienópolis há o Supermercado Zaffari, vamos colocar um desses “containers”
lá, numa área que vai ficar resguardada, portanto, quem mora naquele bairro,
além de ter a coleta durante um dia à sua disposição, poderá, se o lixo ficar
muito volumoso, quando for ao supermercado, levar o resíduo para colocar ali.
Estamos trabalhando em diversos bairros com essa alternativa. Essa medida
diminui muito o custo de coleta para nós, porque em vez de o caminhão estar
circulando, ele apenas vai uma vez lá para recolher o “container”.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Raul Carrion está com a palavra.
O SR. RAUL CARRION: Saúdo o Diretor do DMLU pela sua presença aqui,
atendendo o convite da Casa. Gostaria de ser informado de como é feito o
cálculo de horas-extras para o caso dos funcionários que trabalham em regime de
plantão, os que trabalham nos dias pares, nos dias ímpares, o total de horas
que trabalham por mês... É descontado que número de horas consideradas
obrigatórias para eles. Qual é o cálculo que o DMLU utiliza?
A segunda questão surgiu a partir da informação do próprio Diretor de
que muitas vezes os funcionários ultrapassam a jornada de 10 horas diárias.
Sabemos que existe uma norma constitucional e uma norma legal que estipula a
jornada de 8 horas. Aliás, essa é uma luta histórica dos trabalhadores –
comemoramos 110 anos, no início deste mês, da limitação da jornada em 8 horas.
Assim, de certa forma é espantosa para nós a informação oficial do
Governo Municipal de que é normal a ultrapassagem das 10 horas diárias. Além de
o limite ser de 8 horas diárias e a jornada ser de 44 horas, ainda temos a
limitação legal de, em situações extraordinárias, duas horas-extras. É o máximo
limite. Então, estamos burlando dois dispositivos legais.
Isso se soma à luta que o movimento sindical faz. Temos um projeto do
Deputado Federal Paulo Renato e do Deputado Federal Inácio Arruda do PC do B,
em que se propõe um aumento para 75% no custo da hora-extra com o objetivo de
diminuir ou de eliminar as horas-extras. O Partido dos Trabalhadores e a CUT
apresentaram a proposta no sentido de que, eliminando as horas-extras, teríamos
a possibilidade de abrir um grande número de novas vagas para atacar a crise de
emprego que este País vive.
Então, parece-me que há uma contradição muito grande entre a política
do DMLU e a política do próprio Partido que dirige a Prefeitura e o meu Partido
têm nesse sentido.
Uma outra questão, é também a afirmação do DMLU de que não tem número
suficiente de funcionários. Recordo que em 93, quando levantei a questão da
contratação de mão-de-obra da COOTRAVIPA nas atividades fins do DMLU, existia
um concurso público ainda em vigor, onde no acordo da própria comissão que fez
a investigação, o DMLU ficou numa perspectiva de, progressivamente, contratar
funcionários concursados para o DMLU, para evitar essas situações que Diretor
hoje constata e nos comunica.
Por último, gostaríamos de citar a votação, que se não se der hoje se
dará na segunda-feira, do Projeto que proíbe, no Município de Porto Alegre, o
transporte de trabalhadores em caminhões. Devo dizer que foi um movimento
grande que fizemos em 93. Visitei recentemente, na Av. Wenceslau Escobar, o
DMLU e lá constatei que existem ônibus carregando os trabalhadores, que os
caminhões levam as ferramentas e os trabalhadores vão de ônibus, nesse sentido
parabenizo o Diretor. Mas devo dizer que, depois, transitando pelas ruas da
Cidade, constatei inúmeros caminhões do DMLU transportando trabalhadores na
parte da carga, inclusive tombadeiras, o que é estritamente proibido pelo
Código de Trânsito.
Por um lado houve algum avanço, já existem ônibus transportando garis,
mas imagino que o Sr. Diretor saiba que continuam sendo transportados trabalhadores em caminhões do DMLU.
Espero contar com o apoio do Diretor do DMLU, como temos negociado com
a Bancada governista, no sentido da aprovação desse Projeto, que inclusive
fizemos uma emenda, para viabilizar durante um ano as medidas para solucionar.
Mas gostaríamos de ouvir a opinião favorável do Sr. Diretor nesta reunião.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. José
Valdir.
O SR. JOSÉ VALDIR: O registro que quero fazer
é que está se tornando sistemático nesta Casa o esvaziamento do Plenário,
quando vêm pessoas do Executivo prestar esclarecimento. Eu, quando era
Presidente da FESC, vim aqui para falar, na maior parte do tempo, para um
Vereador. Isso é absolutamente incompatível com o discurso desta manhã, de
autonomia, de valorização do Legislativo, com os discursos bastante veementes
que eu ouvi neste Plenário, com relação a esta questão, a começar pelo Ver.
Wilton Araújo, que foi quem solicitou a presença do Sr. Secretário aqui, e após
formular a sua questão, deu o prefixo e saiu do ar. Isso para mim é uma questão
de autovalorização do Legislativo.
Eu queria reforçar a questão levantada pelo Ver. Antonio Hohlfeldt,
sobre o transtorno desnecessário de muitos caminhões durante a coleta do lixo
em vários pontos da cidade, que, a meu ver, tem que ser trabalhada em nível de
educação e de orientação das empresas e dos trabalhadores que executam o
serviço.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Luiz
Negrinho.
O SR. LUIZ NEGRINHO: Sr. Presidente, Sr.
Hilderaldo Caron, eu não tenho nada a reclamar do DMLU; muito pelo contrário,
eu acho que a região da Grande Cruzeiro e do Bairro Cristal está de parabéns,
porque lá são cumpridos os dias e horários. Mas tem três problemas para os
quais tenho feito alguns pedidos de providências e não têm sido resolvidos.
Sobre um deles eu falei com o Sr. na outra quarta-feira. Trata-se do depósito
de lixo, na Avenida Icaraí, quase esquina com Chuí, na frente do armazém do
Kid, que é um senhor doente, que convive diariamente com o lixo depositado na
frente do armazém. E o pessoal que está fazendo o recolhimento do lixo, tem
deixado lixo ali na Rua Capivari, esquina com a Curupaiti. Eu até doei uma
lixeira para ser colocada lá, e a comunidade não fez questão, porque não ia
resolver o problema, que é crônico. Não são os moradores da vila que colocam aquela
podridão ali; quem coloca é o pessoal dos condomínios ao lado. Não sei como é
que pode ser resolvido isso. Agradeço ao DMLU pelo atendimento do Pedido de
Providência deste Vereador que insistiu. Tive uma reunião pessoal com o diretor
sobre o problema do depósito de lixo da Salvador França, em frente ao Jardim
Botânico. Felizmente conseguiram resolver. Foi tirado o depósito de lixo. Deixo
registrados esses três problemas que são crônicos. Temos de encontrar uma
solução – colocar um “container” na esquina da Curupaiti com a Capivari, para
que as pessoas se habituem a colocar o lixo num determinado lugar – para o problema da Avenida Icaraí, esquina
com a Chuí, em frente ao armazém do Kid.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. HILDERALDO LUIZ CARON: Sobre o questionamento do
Ver. Raul Carrion, da jornada de trabalho, toda a nossa política vai no sentido
de reduzir as horas-extras praticadas, conforme apresentei no início. Nós já
reduzimos em torno de 30% a quantidade física executada. Esses dados estão disponíveis.
A nossa proposta e no sentido de que tenha que se reduzir mais ainda. Quanto à
jornada ser muito extensa, no caso dos celetistas, por exemplo, se um
funcionário tiver uma jornada de dez horas de trabalho, ele terá quatro
horas-extras, porque o regime dele é de seis horas. Onde há, aparentemente, um
exagero, de fato, a situação, em função do regime estabelecido, é que leva a um
número alto de horas. Se ele fizer oito horas, já ganha duas horas-extras
normalmente. São essas situações que fazem com que um determinado funcionário
tenha um número muito elevado de horas, mas nós devemos trabalhar, cada vez
mais, para a redução disso. Quanto ao transporte dos funcionários, nós temos,
de fato, alguns ônibus. Recentemente, adquirimos – deverão entrar em operação
na semana que vem – três ônibus junto à Empresa Carris, para transporte de
funcionários. Editamos uma Ordem de Serviço em 1993, proibindo o transporte, no
âmbito do DMLU, de funcionários na carroceria de caminhões. Essa Ordem de
Serviço está em vigor, mas ocorre uma certa confusão. Como nós temos muitos
caminhões e muitas empresas contratadas, e como os caminhões têm uma pintura
uniforme, até para serem reconhecidos como estando à serviço do DMLU, tem-se a
impressão de que é o Departamento que está transportando funcionários, quando é
a empresa que está fazendo isso. Isso está previsto em contrato e, quando
ocorre, a empresa deve tomar providências para evitar. Algumas empresas já
colocam ônibus à disposição dos seus funcionários, e nós estamos exigindo isso
em todos os contratos. A sua preocupação é perfeitamente recomendável, até
porque pode ocorrer um acidente quando 10,15 funcionários estão em cima de uma
caçamba. O risco é, sem dúvida nenhuma, altíssimo; por isso, devemos evitar
essa situação. Temos tomado providências nesse sentido, mas a situação não
está, ainda, totalmente resolvida.
Em 1993, tivemos, através da Câmara de Vereadores, o acompanhamento de
algumas instalações nossas, em função das condições não muito adequadas em que
muitas delas se encontravam. De lá para cá, construímos 5 instalações novas;
estamos inaugurando mais três para o próximo período, e deveremos, até o final
do ano, concluir mais três prédios para os nossos funcionários, o que totaliza
12 instalações, ou reformadas completamente, ou construídas, o que significa um
avanço muito grande em condições de trabalho, porque esses locais são providos
de sanitários, de refeitórios, vestiários, áreas de lazer, enfim, de todo o
suporte para a execução do trabalho.
Sobre os plantões, o cálculo das horas-extras para qualquer situação
incide sobre uma base de 130 horas. No caso dos plantões, o cálculo é feito
quando o funcionário permanece no plantão em função do não comparecimento do
plantonista seguinte e ele passa a exercer trabalho extraordinário. No caso de
um dia normal, o cálculo é feito de 1,5 a mais na hora, e, no caso de domingo e
feriado, passa para 2,0 o multiplicador da hora-extra. Mas a base é a mesma
para o cálculo da hora-extra para todos os funcionários. A base é 130 horas e
sobre essa base índice o cálculo das horas executadas.
Para concluir colocaria à disposição as informações que foram prestadas
aqui, também me colocando à disposição desta Casa para, a qualquer momento,
voltar aqui e prestar informações desta ordem ou para qualquer situação que os
Srs. Vereadores julgarem necessária ou procedente a presença da Direção do DMLU
aqui na Câmara Municipal de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. MARCÍLIO DUARTE LIMA: Exmo. Sr. Presidente desta
Casa, a quem agradeço a oportunidade de permanecer estas horas, aprendendo a
fazer política e ajudar na prática da democracia que a gente tanto luta e
defende.
Quero cumprimentar os Srs. Vereadores dos diversos partidos, a quem
peço que leve o abraço deste Presidente e dos demais membros do Partido onde estamos
organizados. Srs. Sindicalistas; Sr. Diretor dessa empresa que deu uma aula de
como funciona a sua organização. A todos, enfim, quero agradecer e abraçar
fortemente em nome do Partido desses Estados que eu disse que estamos
organizados.
Porto Alegre para mim é sempre uma alegria visitar, até mesmo nos dias
de chuva como o de hoje, e eu digo aos Senhores, de coração, que eu vejo o sol,
dos dias em que estive aqui e que estavam ensolarados. É uma Cidade bonita, é
uma Cidade linda. A cada vez que volto a visitar, surpreende-me a organização e
a beleza da Cidade. Eu sou de uma cidade grande, da maior cidade do País e
confesso que aqui, de algumas coisas eu tenho inveja. Porto Alegre é uma cidade
que, se não podemos ter como a primeira opção de moradia, temos como segunda.
Eu digo “até”, para os companheiros que têm dois times de futebol, o meu
segundo time de futebol é Porto Alegre, eu moraria aqui com maior prazer. Gosto
de ver essa gente bonita. E hoje tive uma constatação diferente, além de belas
pessoas, são inteligentes. Esta reunião de hoje vai ficar na minha memória por
muito tempo, porque aqui eu vi com surpresa um belo nível de parlamentares.
Digo isso aos Senhores, não estou dizendo isso na expectativa nenhuma
contrapartida, mas quero que os Senhores sintam que é de coração este meu
elogio. Eu tenho, por força dessa minha prática partidária, conhecido muitas
Câmaras Municipais e participei, embora temporariamente, do Congresso Nacional,
como suplente de Deputado, e aqui eu vejo e vi, nos discursos, a qualidade do
linguajar, a colocação dos Srs. Vereadores, o que me faz retornar com excelente
impressão dos Senhores. Hoje foi debatida aqui uma questão da maior importância
e estou levando daqui uma grande impressão. Eu sou candidato a Vereador lá na minha
cidade, no interior, e estou levando algumas lições daqui com relação ao grande
problema das cidades, que é o lixo. Enquanto os Senhores falavam, eu ficava
aqui pensando em como ajudar a resolver os problemas da minha cidade. Se não
fosse a satisfação de estar aqui, eu levava daqui, pelo menos, essa grande
recompensa de estar com os Senhores.
Meus amigos, Srs. Vereadores, eu reitero esse meu agradecimento e,
quando começo a falar, fico até emocionado, porque são poucas as vezes que se
tem essa oportunidade. Eu gostaria de dizer que nós reorganizamos o Partido
Social Trabalhista no Brasil. Ele nasceu no final de 88, em 89 nós participamos
de eleições, vitoriosamente, em 90 fizemos um quadro de parlamentares
surpreendente. Na primeira eleição que participamos elegemos dois deputados
federais, um senador, três primeiros suplentes, 22 deputados estaduais, enfim,
fomos o Partido, naquele período, que mais cresceu no País. Crescemos em
organização de diretórios, crescemos em filiações e crescemos com a eleição desses
parlamentares. Infelizmente, fomos assaltados no meio do nosso trabalho e todo
o nosso esforço foi levado para caminhos que não nos interessavam. Tivemos que
refazer o Partido e refazer no momento mais difícil da vida política, porque,
hoje, pedir a alguém para se filiar, pedir para alguém nos acompanhar
politicamente é uma tarefa que precisa ter, antes de tudo, muita coragem e
paciência. Mas isso fizemos e este Partido, que é o Partido Social Trabalhista
está à disposição dos Senhores em nome do meu querido amigo e Presidente Luiz
Negrinho, que eu espero seja a continuação do meu discurso aqui neste Estado e
que ele seja um instrumento a divulgar as nossas idéias partidárias e abrigar
os companheiros dessa luta, que é em prol da democracia.
No meu agradecimento final, quero colocar, através do amigo Luiz
Negrinho, o endereço do Partido em Brasília e em São Paulo, onde eu tenho minha
atividade, a advocacia, a todos os Senhores e, por fim, cumprimentá-los
desejando que continuem nessa prática que hoje me deixou emocionado. Eu
gostaria de poder estar aqui todos os dias para assistir a estas Sessões. Eu
queria dizer que todo o candidato a vereador, a deputado, deveria fazer um
estágio permanente nas galerias das câmaras municipais, das assembléias legislativas
porque em lembro, no início da minha vida, quando comecei a advogar, que
comecei a acompanhar as audiências, foi quando eu só vivia em audiência, e foi
quando eu aprendi alguma coisa. Essa recomendação eu faria aos companheiros,
que pudessem todos me ouvir a acompanhar Sessões como esta, que foi uma aula de
prática democrática e de discussão de assuntos importantes. Enfim, houve aqui a
grande aula de prática política. Eu quero agradecer aos senhores e reiterar o
meu agradecimento ao Sr. Presidente e ao meu companheiro Presidente do PST.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Nós continuamos a Sessão
normalmente; o nosso visitante é convidado a permanecer. Com muita satisfação
para a Câmara, vamos passar a palavra ao Cézar Pureza, Presidente do SIMPA. Só
para esclarecer, ainda, que o Presidente do SIMPA foi convocado, através do
Requerimento do Ver. Wilton Araújo, para prestar esclarecimentos acerca do
pagamento de horas-extras aos servidores do DMLU. O mesmo assunto.
Com a palavra o Sr. Cézar Pureza, Presidente do SIMPA.
O SR. CÉZAR PUREZA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa.) O SIMPA não vem aqui fazer
denúncia. O SIMPA tem três casos registrados com relação a horas-extras. Um
caso se refere ao DEP, onde o municipário reivindica esclarecimento em relação
ao impedimento de cumprir horas-extras, uma vez que o mesmo era operador de
motores e passou a ser porteiro. Os outros dois casos, recebemos no dia 28
deste mês, em nome do Nélson Rodrigues dos Santos, do DMLU. Já encaminhamos
correspondência nesse sentido, a título de esclarecimento, ao Departamento e em
nome de Luiz Carlos Teixeira, também do DMLU, já encaminhada a devida
correspondência, por conta do nosso setor jurídico. Portanto, reafirmo que o SIMPA
não tem denúncia nesse sentido. Lastima que alguém, que estamos apurando, tenha
se valido de um instrumento, hoje em dia, inaceitável, procurando uma rede
expressiva de comunicação, no caso, a Rádio Gaúcha, no horário do jornalista
Rogério Mendelski, e em nome do Sindicato tenha feito uma denúncia leviana e
irresponsável. E nós estamos tentando
identificar o autor dessa atitude. Nós lamentamos que esse episódio tenha
ocorrido. Nós repudiamos essas atitudes. Esta diretoria não tem essa prática e
não terá. Qualquer discordância nesse sentido, encaminharemos através dos
procedimentos legais.
Gostaria também de acrescentar, pedindo licença ao nobre Ver. Gerson
Almeida que gostaria de fazer das suas palavras as minhas e acrescento que a
Cidade está limpa e nós queremos, como servidores responsáveis, colocar a
Cidade em primeiro lugar em nível de satisfação da população.
Agora, também, queremos o reconhecimento da população no que tange à
contrapartida, reconhecendo o nosso esforço. Nós somos contrários a hora-extra
excessiva; queremos uma matriz salarial sólida. Muitos servidores se iludem com
o excesso de horas-extras, com o vale-alimentação e, até mesm,o com o
vale-transporte, esquecendo-se de buscar uma matriz salarial sólida para os
trabalhadores.
Fazemos um pedido à Bancada do PT. Gostaríamos que o Vereadores do PT
interviessem junto à Administração no sentido de avançar as negociações da
data-base. Nós não queremos, de forma alguma, inviabilizar a Administração da
Cidade; o nosso laudo pericial, que já está nesta Casa, nos assegura afirmar
que o Executivo tem condições de repor parte das nossas perdas sem trazer
prejuízos ao Orçamento e à comunidade.
Gostaria de, por último, dar nosso apoio ao Projeto do Ver. Raul
Carrion, uma vez que existe o problema de transporte do trabalhador. O Projeto
que este Vereador encaminha merece o nosso aplauso. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Agradecemos a presença do
Presidente do SIMPA nesta Casa.
O SR. JOSÉ VALDIR (Questão
de Ordem):
Gostaria que o Presidente me informasse se no Requerimento Convite ao
Presidente do Sindicato existia algum quesito a ser respondido, na medida em
que o proponente, Ver. Wilton Araújo, há várias horas, não se encontra no
Plenário; ele foi o autor e se ausentou do Plenário.
O SR. PRESIDENTE: Vamos aceitar a sua
primeira parte da Questão de Ordem; a segunda não faz por merecer essa Questão
de Ordem. (Lê o Requerimento.)
Agradecemos as presenças mais uma vez, do Presidente do SIMPA, Cézar
Pureza, e do Diretor do DMLU, Hilderaldo Caron.
Os trabalhos estão suspensos.
(Suspendem-se os trabalhos às 12h25min.)
O SR. PRESIDENTE (às
12h26min):
Estão reabertos os trabalhos.
Com a palavra o Ver. Luiz Negrinho em Comunicação de Líder.
O SR. LUIZ NEGRINHO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, é um dia especial para mim hoje, porque recebo a presença do
Presidente nacional do nosso Partido, Dr. Marcílio Duarte Lima, é uma honra
para nós, quando a convite, de imediato, solicitou uma data e aqui está nos
prestigiando. Eu agradeço desta tribuna.
Na segunda e sexta-feira passada falei do problema da criminalidade no
Bairro Cristal. Nessa segunda-feira ao chegar em casa, um mercadinho, que fica
perto dali, estava sendo assaltado, com quatro assaltantes atirando contra o
comerciante. Isso acontecendo na segunda-feira, sendo o mesmo que foi assaltado
na sexta-feira. Na quarta-feira, estávamos aqui com o Secretário de Segurança,
Chefe de Polícia, Comandante da Brigada Militar e todo o aparato, no mesmo
momento em que estávamos aqui discutindo como poderíamos resolver o problema do
Bairro Cristal, estava sendo assassinado um novo comerciante do bairro, um
colega e companheiro de futebol, assaltado e assassinado. Tenho vindo aqui,
constantemente, e virei quantas vezes for necessário, para falar sobre esse
assunto. Conversei sobre isso com o Coronel Pedro Américo Leal. Não sou eu que
vou ensinar a Brigada, nem a Polícia Civil a agir contra esses crimes.
Precisamos de idéias que possam resolver esse problema do Bairro Cristal. É a
terceira fotografia que trago aqui nesta tribuna de mais um amigo, mais um
companheiro de esporte, jovem, pai de família, que, infelizmente, na
quarta-feira, ao atender um assaltante que pedia um maço de cigarros, levou um
tiro na garganta. Para roubar o quê?
Um pacote de cigarros, uma jaqueta, um par de tênis e algumas garrafas
de cachaça. Este é o preço de uma vida! Tenho feito apelos, vou continuar
falando, nem que seja sozinho, mas alguma coisa, por parte da segurança, tem
que ser feita em nossa Cidade. Alguma coisa, por parte da segurança, tem que
ser feita no Bairro Cristal. E parece mentira, parece incrível, se já são do
conhecimento da Secretária da Segurança, com dados, os pontos, mostrados em
relatório a este Vereador, por que não agem? Por que não agem se têm os pontos,
os locais, o método como estão fazendo? Por que não os prendem? Há uma alegação
de que eles nada podem fazer quando o comerciante não faz uma ocorrência. Ele
não a faz por quê? Porque quando ele sai atrás do meliante para dar um tiro,
para defender a sua família e a sua vida, ele fica à mercê, nas próximas horas,
como ficou o Joãozinho, do assaltante que, com raiva por ter sido corrido à
bala, pega-o desprevenido e o mata. É por isso que eles não fazem queixa, é por
isso que eles não recorrem à polícia. Assim está a nossa Cidade, assim está o
meu bairro, matando um por dia, e nada é feito. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antonio Hohlfeldt
está com a palavra, para uma Questão de Ordem.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT
(Questão de Ordem): Queria informações da Mesa sobre onde anda o Processo do Requerimento
do Ver. Giovani Gregol para uma Comissão Externa para acompanhar a questão da
Terreira da Tribo, do grupo “Ói Nóis Aqui Traveiz”. Faz mais de um mês que o
grupo esteve aqui. Sei que está para indicação de Liderança, não sei quem está
amarrando esse processo, mas gostaria de ter essa informação da Mesa, porque no
ritmo que estamos indo, vamos formar a Comissão depois do despejo; aí, então,
não tem mais utilidade. A minha Questão de Ordem é para ter a informação: com
quem está e os motivos de tanta demora.
O SR. JOSÉ VALDIR (Questão
de Ordem):
Sr. Presidente, eu quero renovar um requerimento que fiz ontem no sentido de
que a Mesa me informa sobre o paradeiro do meu Projeto que altera o art. 50 da
Lei Orgânica, que estabelece o Orçamento Participativo na Câmara. Quais as
fases que ele já cumpriu e quais as fases que faltam cumprir na tramitação na
Casa?
O SR. AIRTO FERRONATO (Esclarecimento): Sr. Presidente, para um esclarecimento. Nós recebemos, há quinze dias, o Processo do Ver. José Valdir, e eu me designei como Relator. Esta matéria teve um problema de trânsito dentro da minha própria assessoria. O Parecer está pronto para ser votado na próxima reunião. A responsabilidade é toda minha por esta demora.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antonio Hohlfeldt
está com a palavra em tempo de Liderança.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, muito especialmente quero saudar o Presidente Nacional do PST.
O Diário Oficial de Porto Alegre do dia 28 de novembro de 1995, na sua
página 7, traz um conjunto de editais da Secretaria Municipal de Obras e
Viação, dentre os quais o Edital 81.152/95.7, para concorrência de execução de
infra-estrutura de rede de água e esgoto e pavimentação da Rua Chácara do
Banco, trecho entre Estrada Barro Vermelho e Rua Mariana. Os editais
propiciaram as concorrências, a concorrência foi vencida pela Empresa Brasil
Pavimentadora e Construtora, que está, no momento, atuando na área. Agora, para
surpresa dos moradores da Rua Chácara do Banco, a placa de obras colocada pela
pavimentadora diz que o projeto de pavimentação comunitária é do trecho entre
Barro Vermelho e Rua D, Rua D que fica duas quadras antes, ou seja, 200 metros
a menos do que a Rua Mariana prevista no Edital de concorrência. Um detalhe
curioso, porque, evidentemente, se um edital prevê obra para um determinado
trecho, é sobre esse trecho que as empresas concorrentes e a empresa vencedora
têm que atuar. Surpreendentemente, a placa pública que está lá – as placas
tradicionais que a Prefeitura Municipal utiliza – taxativamente explícita: o
trecho é da Barro Vermelho à Rua D. Encontra-se, neste momento, a obra, de
fato, na metade desse caminho. São 2 quadras no total: uma está feita e a
segunda quadra está sendo iniciada. Só que deveriam ser 4 quadras! É uma
situação curiosa! Os moradores estão preocupados, porque fizeram todo o
trabalho no Orçamento Participativo,
tiveram aprovado, venceram todas as etapas, viram o Edital de licitação
publicado, a empresa vencedora está lá, o canteiro de obras está lá, só que a
obra que eles querem não está acontecendo de fato, pelo menos não está
prevista, está prevista pela metade.
Estou levantando o problema, porque quero deixar registrada a preocupação.
Inclusive, na 3a feira, tenho uma audiência com o Secretário
municipal de Obras para tratar de um assunto do Jardim do Salso, mas vou, de
toda maneira, também incluir este tema. E quero até, na ausência do nosso
Embaixador, aproveitar a presença do Ver. Verle, talvez ele possa adiantar isto
com o Secretário Estilac para a gente ter uma explicação dessa situação.
O segundo dado, é fazer um registro, que é um registro histórico. A
manhã, de manhã, a ARI lança, formalmente, uma campanha, que terá caráter
nacional, para mudar a data do Dia Nacional da Imprensa, no Brasil. Atualmente,
a data oficial é 11 de setembro, data em que se lançou o Jornal Gazeta do Rio
de Janeiro que, posteriormente, se tornaria o Diário Oficial da União, ou seja,
o Jornal do Rei. No entanto, nós entendemos, a exemplo desses debates que têm
envolvido o 13 de maio com o 9 de novembro, que data que nós deveremos
comemorar é a data de 10 de junho, amanhã, que é data em que
se lançou, pela primeira vez, o Correio Brasiliense, do jornalista Hipólito
José da Costa que, no exílio, em Londres, fez o primeiro jornal do Brasil e fez
o primeiro jornal de oposição para pregar a independência do Brasil. É evidente
que não há lógica nós termos como data oficial a data do Jornal do Rei, a data
do jornal da opressão portuguesa sobre o Brasil. Ao contrário, temos que
festejar a data do jornal que pela primeira vez pregou a independência do País,
que era o jornal que vinha de contrabando nos navios desde Londres, entrava
pelo Porto da Bahia ou do Rio de Janeiro e depois era distribuído pelas
províncias tanto quanto possível e o permitisse a polícia de D. João VI. Faço
este registro porque temos vários companheiros aqui que são jornalistas e
radialistas, e porque vou encaminhar uma proposta de Moção de Apoio a esta
reivindicação, pois amanhã a Associação Riograndense de Imprensa estará
formalizando esta campanha que vai lançar em nível nacional e quem sabe nós,
mais uma vez, vamos ser pioneiros na correção de alguma coisa que,
historicamente, é incongruente: festejarmos a data do opressor ao invés de
festejarmos a data de quem iniciou a possibilidade de nos livrar dessa
opressão. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE:. Não há mais inscritos em
Liderança. Vamos passar para a Pauta.
O SR. LUIZ BRAZ
(Requerimento): Sr. Presidente, faço um Requerimento para que invertamos a ordem dos
trabalhos e passemos diretamente para a Ordem do Dia.
O SR. PRESIDENTE: Em votação nominal o
Requerimento do Ver. Luiz Braz.
(É procedida a chamada nominal dos Srs. Vereadores.)
Antes de apregoarmos o resultado, informamos ao Ver. Antonio Hohlfeldt
sobre a sua Questão de Ordem referente ao grupo teatral “Ói Nóis Aqui Traveiz”,
da Terreira da Tribo, que o Ver. Nereu D’ Ávila, Líder do PDT, ainda não fez a
indicação do seu Partido. Vamos solicitar a ele que o faça de imediato.
Quinze presenças. Não há quórum. Encerramos os trabalhos.